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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Patrimônio imaterial


            As palavras são variáveis. Carlos Drummond de Andrade, mestre do nosso idioma, no poema “A Palavra e a Terra” profetisa entre outros vocábulos o seguinte: “Toda forma/nasce uma segunda vez e torna/infinitamente a nascer... E a palavra, um ser/esquecido de quem o criou: flutua,/reparte-se em signos...". As palavras para chegarem aos moldes do poema, ao longo do tempo, a língua passou por diversas influências, transformações e modificações no decorrer da história.
            Visitando o Museu da Língua Português no histórico Edifício da Estação da Luz, em São Paulo, dei-me por conta a um diagrama em que a representação gráfica tinha como título: “As grandes famílias linguísticas no mundo”. Achei interessantíssimo, e sem maiores intenções, logo tratei em tirar algumas fotografias caso as imagens presenciadas se apaguem da memória; para guardar como recordações e para mostrar a quem dizer que estou mentindo, mas como ‘não sou besta nem nada’, comecei usando-as como fonte na construção desta crônica. Acompanhando a ordem cronológica das fazes da origem da língua até chegar ao estágio do português brasileiro, conforme se observa na estrutura: Indo-Europeu, Grupo Itálico, Latim, Latim Arcaico, Latim Vulgar, Romance, Romance Ocidental, Galego-Português, Português e Português Brasileiro, foi percorrida um longo caminho até o idioma atual.
            Nos vagões da história quando uma termina a outra começa. Nos primeiros anos da vida escolar aprendemos que o capítulo da história da língua portuguesa no Brasil teve inicio no ano de 1.500, quando os portugueses desembarcaram em nossa costa – é certo que devidas a outras influências ao tempo o idioma vai se modernizando. Revendo a história dos primórdios da língua, estima-se que por volta do ano 4.000 a.C (antes de Cristo) os povos de língua indo-europeu começaram a migrar para várias regiões da Europa e da Ásia, dando origens a mais de 60 línguas diferentes, espalhadas pela Índia, Iran, grande parte da Europa e das Américas. Assim sendo, todas são aparentadas do português.
            “A língua é um mistério sobre o qual vale à pena debruçar-se e refletir”. O Museu da Língua Portuguesa dedica à valorização e a difusão do nosso idioma ao qual é considerado um “patrimônio imaterial” do povo brasileira e tem como objetivo mostrar a língua como elemento fundamental e fundador da nossa cultura; apresentar a Língua Portuguesa ao visitante com as suas origens, histórias e suas diversas influências sofridas e mostrar ao cidadão usuário do idioma que ele é o verdadeiro “proprietário” e agente modificador da língua.
            Depois de conhecer o acervo com o deleite de modernidade do Museu interativo com o belíssimo jogo de palavras, som e imagens em formato de multimídia, que ajuda a contar e a construir a história e a cultura do nosso povo, e saborear as criações e ideias de várias gerações instaladas nos andares do edifício, voltei ao cotidiano, sentei-me em silêncio e comecei a rebobinar o filme da câmara fotografia e rever as capturas ali pressas. Um tanto quanto tudo visto nos espaços vivos do prédio da centenária Estação da Luz, prendi-me em fascínio na exibição da língua, da história e da cultura do povo brasileiro.
                                   
(*) JOSSELMO BATISTA NERES 
E-mail: josselmo@hotmail.com

Crônica/Artigo publicado no Jornal Diário do Povo do Piauí – PATRIMÔNIO IMATERIAL – em 30/01/2014 na página 18 - Galeria (Jornal Impresso).

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Cidadezinha do interior


A viagem por ser tão significativa tratei logo em começar esta crônica. O leitor que por acaso lê pode até ter um olhar torpe, mas releve, ninguém pensa igual! 
Estou de férias. Buscando o descanso do labor fiz o contrário do que muitos fazem, procurei o choque de civilização para esvaziar o estresse. Peguei o voo no Aeroporto de Teresina e pousei no Aeroporto Internacional de Guarulhos e mais alguns poucos minutos de carro cheguei ao Bairro Ipiranga – Vila Carioca, capital de São Paulo. Sem perder tempo logo dei continuidade ao itinerário da viagem. Fui a Rua 25 de Março – o paraíso das compras – e assistir estático a muvuca desenfreada do centro da cidade. Passou-me um filme como é as cidadezinhas do interior. Por falar em cidadezinha do interior, lembrei-me de um poema de Carlos Drummond de Andrade que chama “cidadezinha qualquer”. Vou tomar emprestado o termo ao ilustre autor e chamar a minha de ‘cidadezinha do interior’, mas não uma cidade do interior qualquer, mas a cidade da minha infância emoldurada na memória do “menino que ainda existe”. Como nos versos do poeta em “cidadezinha qualquer”, na minha ‘cidadezinha do interior’ também existem “casas entre bananeiras/mulheres entre laranjeiras/pomar amor cantar...” Envolto em lembranças da minha cidadezinha do interior segui à frente pelo centro da cidade, admirando umas coisas, comprando outras até se deparar com a famosa Catedral da Sé, o Marco Zero da cidade e a Praça que leva o mesmo nome da Igreja onde os dois monumentos estão fincados.  
            No roteiro turístico adentei ao Vale do Paraíba passando pelos territórios paulistas de São José dos Campos, Caçapava... E em meio outras cidades do Vale encontrei a Capital Nacional da Literatura Infantil, Taubaté, terra natal do escritor Monteiro Lobato, criador de conhecidos personagens infantil entre eles, destaque para Emília, Pedrinho, Narizinho, Dona Benta, Tia Nastácia e Visconde de Sabugosa.
            Seguindo a trajetória do passeio ao qual foi reservado cheguei ao Bairro do Brás – região central da cidade de São Paulo, conhecida como um grande centro essencialmente voltado à indústria e ao comércio de roupas. Passei por São Caetano do Sul e Santo André situados no ABC paulista e Ferraz de Vasconcelos na microregião de Mogi das Cruzes, todas cidade da região metropolitana da grande São Paulo.
Voltando a cidade que não dorme, em toda a permanência à luz do sol brilhou esplêndido todas as manhã e choveu às tardes, no mais o dia seguiu sereno em naturalidade. Depois de caminhar quilômetros em buscas de novas descobertas, sentei-me para descansar e aproveitei o momento para misturando letras em palavras como em um pré-acordo. Lá fora ouço o ronco frenético dos motores e a agitação das buzinas.
            A minha ‘cidadezinha do interior’ é pacata e não troco pelos grandes centros... Mas ei de convir, os centros são maravilhosos para fazer compras, buscar o conhecimento e tomar banho de civilização. O tempo esgotou-se, chega a hora de fazer o caminho de volta pela porta do Aeroporto de Congonhas e retornar a minha cidadezinha no centro sul do Piauí. Até a nova história.
                       
(*) JOSSELMO BATISTA NERES 
E-mail: josselmo@hotmail.com

Crônica/Artigo publicado no Jornal Diário do Povo do Piauí – CIDADEZINHA DO INTERIOR – em 18/01/2014 na página 02 Opinião (Jornal Impresso).

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sábado, 11 de janeiro de 2014

Quando a chuva cai no sertão...

                Terça-feira o sol quase não pareceu. Passou o dia chovendo. Uma chuva fina e serena que transformou o calor escaldante em um clima agradável. Coisa difícil de ver em meio o sertão. A imagem da vegetação seca, cinzenta e retorcida vista na maior parte do ano, com as primeiras chuvas o que parecia esta morta, ressurgem com a rapidez só fogo em pólvora dando lugar ao verde. As sementes das jitiranas, dos mata-pastos, das malvas brancas entre outros, são semeadas no fim das águas pelo vento e pelos pássaros no solo seco e quando volta a chover brotam da terra formando um ‘canteiro verde’ onde antes só via a terra limpa.  
               Quando a chuva vem à paisagem renasce. A jitirana que é da família das Convolvulaceaes do tipo trepadeira, é uma das plantas que tem grande destaque por ser de rápido crescimento, espalha-se ligeiramente pelo chão e se enrosca aos troncos das vegetações e cercas, servindo como um dos primeiros alimentos dos animais nas primeiras águas. Os arbustos do marmeleiro, mufumbo, pau-de-rato conhecido também como catingueiro, jurema... Assim como outros tipos de vegetação que durante toda a estiagem não se encontra uma folha verde para fazer ‘remédio’, logo às primeiras chuvas caem na caatinga à vida volta aos galhos secos no que pareciam estar morto, renascendo como a fênix.
                A falta de chuva e de um clima amena afeta os seres vivos em geral. O sertão quase o ano inteiro é tragado pelo insuportável calor, onde nem os eletrodomésticos dão conta de abafar o vapor escaldante – o umidificador de ar não faz nem cosquinha mediante a tamanha sensação térmica, o ventilador em muitas das vezes o sopro do vento mais parece o vapor de um secador de cabelo e a central de ar e/ou ar condicionado nem todas as pessoas podem ter esse bem, com exceções a uns poucos, quando tem o desejado aparelho elétrico não podem adentrar noites adentro com o objeto funcionando, o pagamento da conta de energia vai fazer falta na compra do feijão... 
                No ano de estiagem prolongada o sofrimento do sertanejo é lamentável. Os açudes e as lagoas secam e o solo fica sereno de rachões. Ao ser lançado os primeiros pingos de chuva do alto das nuvens no torrão o sertão fica em festa. Quando o tempo ‘fecha’ e ensaia desfiar as gotas das nuvens, o menino em alvoroço grita: “Mamãe me deixa banhar na chuva”. O homem do campo no alpendre da casa olha ao redor procurando a nascente da chuva e profetiza: “A chuva é geral” e planeja em pegar os bois e preparar o arado para lavrar a terra para o plantio – “vou ‘aradar’ as terras lá da roça de baixo para plantar milho e feijão”.
                Os bichos brutos é quem mais sofre com os efeitos da seca. Como todos os outros animais, o gado vive com quase sem água para beber e com pouca pastagem. Quando São Pedro abre as torneiras no sertão o boi munge com vigor. Os pássaros voltam a pular de árvore em árvore cantarolando e o sertanejo que cria algum rebanho resmunga: “Nas primeiras ramas, vou soltar o gado na chapada, para dar uma folga na roça e criar pasto.” Viva o sertão. 

(*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com
 
 
Crônica/Artigo publicado no Jornal Diário do Povo do Piauí – QUANDO A CHUVA CAI NO SERTÃO... – em 10/01/2014 na página 02 Opinião (Jornal Impresso).

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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Heitor


                                                  (*) JOSSELMO BATISTA NERES

            Papel e caneta postos para não deixar escapar o momento imponente. Estando em voga o debate sobre a biografia dos famosos onde uns autoriza outros não autoriza, com Heitor não ouve discussão – “está autorizado” frisou o Biografado. E olha que as linhas escritas são dos caminhos retirados da circulação. Então autorizado, vamos lá. Heitor nasceu da consciência ingênua. Fruto proibido. Vingou-se permeado aos olhares curiosos. Surgiu ao mundo com a benção dos deuses da natureza humana, para a perpetuação eterna. Nasceu na cidade de Oeiras e após correr dez anos do seu nascimento foi registrado como tendo sido no município de São José do Peixe. O sangue que corre nas veias de Heitor é de Jeová, mas no registro de nascimento é como se fosse de Ramon. Mente em ebulição... A literatura reinante encarregou-se de juntar os fragmentos e semear ao tempo dando vida a real história. A verdade cravada no escopo do escrito tratou de fazer justiça e elevar a consciência do enigmático caminho.
            Carente no canto dos contentes. Heitor é rotulado de gênio forte, destemido... Mas quem o estuda em uma forma mais profunda ver humildade e generosidade. As emoções carregam os fatos das dadas circunstancias. Heitor não se curvou a sorte imposta. Buscou-se a sorte! Banhou-se no mar inocente e saiu com o dever de não menosprezar o que a consciência o impõe. Nascido da pedra bruta, de natureza simples e sem opções de escolhas, foi afinco no estudo para encontrar a porta do futuro.   
            Surgiu ao mundo na inocência feliz, para seguir na carenagem da história. Dentre a sua maneira não há regra a ser obedecida. Heitor elegeu no transcurso das andanças, os obstáculos e os espinhos espalhados ao trajeto, como fatos tidos como necessários para dar continuidade à vida. “Ainda bem que eles estavam lá (os obstáculos e os espinhos), aprendi com eles, dei mais valor a vida”. Assim a vida tornou-se vivida com mais ênfase, e como as grandes coisas já tinham a sua importância, as pequenas foram dadas à importância merecida.   
            Fragmentos da realidade. Libertado do sofrimento imposto pela barreira da censura, transpôs a injustiça imposta na consciência e festeja a fertilidade. Traçou o destino. Abandonou a falsa sombra e seguiu fazendo a própria história. “Não nasci para ser coadjuvante, nasci para ser o personagem principal”. Para Heitor, “quando Deus fecha uma janela abre uma porta” e como a vida não era tão fácil para ele, cada degrau conquistado tinha um sabor imensurável. As confusões da mente, os caminhos tortos e os espinhos encontrados nos percursos, foram usados para amparar o senso e serviram como alicerce na construção da vida.  
            Não existe deus que não seja o Deus de todos. O caminho a ser seguindo está dentro de cada um. Heitor disse que para encontrar o que deseja “basta ter uma linha de pensamento e seguir com calma deixando a naturalidade tomar conta da alma”. O mundo gira e a direção seguida pela vida aos poucos vai sendo (re) escrita, ganhando forma e espaço.

(*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil

Crônica/Artigo publicado no Jornal Diário do Povo do Piauí – HEITOR – em 31/12/2013 na página 02 Opinião (Jornal Impresso).

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domingo, 22 de dezembro de 2013

Picos


                                            (*) JOSSELMO BATISTA NERES

            Direcionando o tecer das palavras ao território de Picos, os pensamentos brotam repentinamente, inesperado e rápido como um raio. Critico e revolucionário a parte. Cercado pela natureza criada pela mão divina, Picos nasceu às margens do Rio Guaribas e atendo aos olhares das colinas. O tempo passa e o município continua impressionando pela sua grandeza, pelo centro comercial, pelo povo trabalhador, pela beleza das mulheres e pelas suas questões políticas e sociais discutíveis. Na sua função geográfica moldada pelo criador, possui o maior entroncamento do Piauí e o segundo maior do nordeste. É cortada por importantes rodovias federais como BR-316 que também chamamos de Rodovia Transamazônica, BR-407, BR-230 e fica a poucos quilômetros da BR-020. O entroncamento liga o Piauí a Bahia, Ceará, Maranhão e Pernambuco, não necessariamente nesta ordem e exerce papel importante como o centro comercial de muitas cidades do Piauí, Ceará e Pernambuco.
             Picos é o centro econômico da região em serviços terciários, a terceira cidade maior do Estado, a segunda maior em arrecadação de impostos (a segunda economia do Piauí) e possui um centro Universitário que reúne estudantes de várias partes não só do Piauí, mais de todo o Brasil. Uma verdadeira fábrica de conhecimento. Cidade Maravilhosa. Cidade que ganhou o apelido de “Cidade Modelo” que veio em prol do belo Plano de Desenvolvimento herdado por sucessão.
            Picos, grande Picos. Em todo quintal um canteiro de obras. Gigante imobiliário. Crepúsculo aos padrões normais!? O imenso território começou a ganhar roupagem com a chegada dos primeiros agricultores, assim como um tanto quanto, os primeiros criadores de gado que escolheram às margens do Rio Guaribas para fincar as moradias e tirar o sustento seguido por gerações. Procurando cada vez mais reorganizar o seu espaço, Picos na formação administrativa foi elevação à condição de cidade em 12 de dezembro de 1890.
            Prestigiada pelo grande volume de mel de abelha produzido e exportado para várias regiões do mundo, Picos também ganhou o apelido de “Capital do Mel” e de “Capital do Centro-Sul Piauiense” pela influência imensurável frente às outras regiões circunvizinhas. Por ter no leque das diversas atividades o setor de serviços e o comercio de produtos, é considerado um dos maiores mercado do nordeste. Segue a rota dos grandes centros comerciais.
            Passando em movimento pela Rua Grande e com os olhos atento ao comercio, na agitação frenética das pessoas e no transito furioso, nasceu no seio da mente a imagem emoldurada da rua com a beleza fascinante e com a calmaria de outrora. A rua de ontem transformou-se na Avenida Getúlio Vargas, a principal avenida e a mais movimentada da cidade. O imensurável monumento vive... Que surjam as ideias.     

            (*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com

Crônica/Artigo publicado no Jornal Diário do Povo do Piauí – PICOS – em 20/12/2013 na página 02 Opinião (Jornal Impresso).
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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O canto da serpente


(*) JOSSELMO BATISTA NERES

            Em viagem pela vereda das reminiscências, assim como na via do presente, o canto da serpente surge com a voz macia e suave. A realidade crua encapada na ficção de mentira é usada como pano de fundo na cena dos enigmáticos caminhos tortos do destino. A consciência elevada ao bom senso é indicada como o único caminho a seguir, mas a cantilena está presa na impaciência e inquietude da própria loucura. É como imaginar estar no meio do deserto e com um sol escaldante procurar esconder-se da própria sombra.              A vida de vez em quando nos prega uma reviravolta para nos sacudir, fazer com que colocamos os pés no chão, nos acordar... Às vezes saímos do estado normal e sentimo-nos sem jeito, chato, feio... Sintomas da linda melodia. Não queira entender o que se passa na cabeça do ser humano! O bom é saber que amanhã é um novo dia, e assim novos acontecimentos vão surgir e os fatos antigos que foram ruins serão descartados e os bons ficaram guardados na gaveta da memória. Essa é a regra!?
            Quando não se consegue livra-se dos pensamentos ruins tem que seguir outra regra: fixar o pensamento em algo que poderia ter sido pior. Imagine por exemplo que está caminhando e leva uma topada em uma pedra e machuca o dedo do pé. No lugar de falar palavrões, pense que poderia ter sido pior, ter quebrado o dedo. Você viaja de carro e o pneu fura, no lugar de maldizer-se, lembre que poderia ter sido pior, a roda sacado fora. Instrumentos de conforto. Alimento da alma. Antes do tudo ou do nada, é preciso entender a natureza dos espíritos do ser humano. Tem dia que a vida parece estar às escuras, que a sombra foi roubada e que a alma está perdida!
            Na bagagem carregue o otimismo. Uma regra. Problemas existem para ser resolvido. É encarado como um desafio!?  Às vezes os problemas tomam outra proporção, ganha novos culpados e ao invés de ser resolvidos é complicado o que era simples. Para os desencontros de opiniões existem o diálogo e para querer algo de alguém irredutível existe o convencimento com palavras que tenham alma... As sem almas ficaram para os pobres de espírito! Os obstáculos devem ser encarados como aprendizagem e as difíceis buscas como experiências. No entrelaçar dos pensamentos positivos do bom vivente, a brisa do alvorecer bate suave no rosto, o sol brilha na alma da vida...
            Seduzido pelo canto traiçoeiro, às vezes é deixado levar-se no embalo da curta vida a conviver com educação egoísta, com pensamentos negativos impregnado ao ambiente. Ás vezes no embalo da ignorância é deixado justificar o injustificável. Levado na beleza do fascínio, às vezes é aceito o sofrimento causado que usa para justificar o seu. Armadilhas do lindo canto! Ao tempo a magia do encanto nocivo chega à realidade. Maravilha. Acreditar no que convém pode ser diferente daquilo que pensamos. A regra é: Antes de amar a alguém ame a você mesmo.

(*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com
 
Crônica/Artigo publicado no Jornal Diário do Povo do Piauí em 03/12/2013 na página 18 Caderno Galeria (Jornal Impresso).


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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Canto da Volta


               Luiz Leal de Moura Santos em maio de 1960, selou o cavalo e seguiu em direção o lugar Canto da Volta, na data Lages, município de São José do Peixe (hoje localidade do município de São Miguel do Fidalgo). A viagem foi percorrida a galope em companhia de Pedro Francisco Ibiapino, o dono daquele lugar, e tinha como missão ver a propriedade de 269 hectares e 50 ares com o intuito de comprá-la. O percurso na ida de Picos ao Canto da Volta teve a duração de dois dias e meio de viagem. A terra situava-se as margens da lagoa do Fidalgo e ao chegarem percorreram os extremos da propriedade e logo acertaram o preço e bateram o martelo. Após o devido pagamento a escritura é lavrada em 18 de julho de 1960. Luiz Leal de Moura Santos nasceu no município de Picos no dia 13 de julho de 1916, era mais conhecido como Luiz Cândido, por causa do avô paterno que chamava-se Cândido de Moura Fé.  
            Tinha como lema: a coragem, o trabalho e a honestidade. Já cansado do labor nas terras da localidade Saco das Tábuas e do Cercado no município de Picos (localidades hoje do município de Sussuapara), em 11 de Setembro de 1960, mudou-se para o seu novo endereço. Mesmo sem ter um parente na região resolveu segui o seu destino e fincar raízes na nova terra. Luiz Cândido nasceu e se criou na localidade Saco das Tábuas e ao casar-se morou por 19 anos na localidade Cercado de propriedade do sogro João José Batista. Luiz Cândido era casado com Joaquina de Moura Batista, prima legítima, com quem teve nove filhos, seis mulheres e três homens. Quando da mudança todos já eram nascidos. O filho mais velho morreu com um ano e cinco meses de nascido. A filha mais velha na época da mudança tinha quatorze anos e a mais nova oito meses de nascida.
            O destino estava traçado. Não tinha mais como voltar atrás. Com a saudade no peito e a ansiedade de romper novos horizontes, arrumou a mudança em um pau de arara e seguiu o seu caminho. Uma nova vida os esperava. O Canto da Volta aos poucos foi sendo habitado e a terra preparada para a agricultura. Luiz Cândido não tinha um parente na região, as estradas eram precárias e intransitáveis em época de chuvas, mas mesmo assim não desistiu do seu sonho e do seu desejo - ter terras férteis para o cultivo. Uma vez por ano voltava a Picos para rever os parentes e amigos, e em casa em casa (almoçava em uma, jantava em outro e pernoitava em outra) passava uns três dias na viagem. O tempo passa e o Canto da Volta passa a ter no torrão a marca e a identidade do seu dono. Luiz Cândido lutou pela vida até o último segundo e cumpriu com maestria o seu dever na terra. Deus o chamou para perto de si em 2 de julho de 2001 para uma nova missão.
            O trajeto percorrido hoje pela via normal Picos – Oeiras - Colônia do Piauí - São Miguel do Fidalgo tem uma distância de 182 km. Outros tempos. No filme da memória vejo a casa grande, o pé de juá no terreiro em frente à casa, o curral, a capela, pé de tamarindo, umbu... A uns quatrocentos metros em frente da casa, o poço, os canteiros de verduras, a plantação de bananas, coco, manga... Canto da Volta, eternizado na história nos meus dias de ontem, hoje e sempre.

(*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com
 
Crônica/Artigo publicado no Jornal Diário do Povo do Piauí – CANTO DA VOLTA – em 07/11/2013 na página 18 Caderno Galeria (Jornal Impresso).

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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O Poder


(*)JOSSELMO BATISTA NERES

           
            O país está sem rumo. O povo não se sente representado e os governantes se escondem por trás dos partidos políticos. Fazendo uma reflexão do que está acontecendo hoje, vem de encontro às preocupações que está acontecendo no país. O grito que vem das ruas somam as dos desiludidos vs as dos baderneiros. Proibiu o uso de mascaras nas manifestações, aumentou o uso de mascaras. Proibiu o uso de bomba caseira, aumentou a fabricação de bomba caseira... A cada dia as revoltas nas ruas aumentam. A coisa é preocupante. E são poucos os preocupados. Por serem movimentos centralizados, há uma indiferença em relação aos protestos. Mas somando agente ver o tamanho e a força que carrega. As autoridades têm que serem alertadas. O povo não está mais tão ordeiro ao ponto de protestar e depois voltar para casa. Eles querem ser ouvidos. O pior são os pequenos grupos que aproveita da situação e se infiltra para promover o quebra-quebra.
            Temos de fazer uma ponderação. O tempo está passando e nós não estamos encontrando um caminho. Há uma nítida separação. A classe política não está atendendo aos anseios do povo.  O caminho é fazer uma audiência pública e chamar o povo para um diálogo. É muito mando e desmando neste país. É uma corrupção de poder escancarada. É nada acontece. “Que país é esse?”. O povo quer transporte de qualidade, saúde de qualidade, educação de qualidade, segurança com qualidade. O povo clama justiça. Isso é o que se pede o que se ver e o que se ouve do grito que vem das ruas.
            Nem o governo nem a polícia nada podem fazer contra as manifestações. Só existem as seguintes saídas para que não aconteça. Quebrar todos os computadores, frear a internet ou atendê-los. As concentrações são marcadas pelas redes sociais. On-line. A notícia é instantâneo como fogo em pólvora.  
            A insatisfação popular é grande. Qual a moral dos movimentos? Por que uma parte dos manifestantes promove acontecimentos anti-sociais? A quem recorrer?  Parte da população brasileira está desiludida com os rumos do governo. O país é um dos que paga mais imposto no mundo e o retorno não chega para os necessitados. Para onde vai todo esse dinheiro? É revoltante quando sai nos noticiários políticos envolvidos em esquemas de corrupção de toda ordem. É lastimável.
            Ainda acredito neste país! O mundo para em quatro em quatro anos para assistir a copa do mundo. O Brasil para em dois em dois anos para assistir a corrida pelo poder, o que nos acostumamos em chamar de eleições. Primeiro precisa ser feito uma reforma política urgente. Entre tantos os ajustes é preciso barrar e/ou diminuir o número de partidos políticos, eleições para todos os mandados em um único ano e data, fim a reeleição para os mandatos majoritários, fim do financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais com recursos públicos... E assim segue.  
           

(*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com
 
 
Crônica/Artigo publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 31/10/2013 na página 2 Opinião (Jornal Impresso).

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sábado, 26 de outubro de 2013

Poemas


São pássaros que chegam e pousam
Vindos de infinitos ventos que os trazem.

São pensamentos envoltos na alma
Meus, seus, nossos.

(do livro: A Arte de Transmitir a Mensagem - Josselmo Batista)

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Fronteiras


(*) JOSSELMO BATISTA NERES

            Quarta-feira, 2 de outubro, 7h52min horário de Brasília. O telefone toca. Do outro lado da linha o professor e cronista Francisco de Assis Sousa. Aos cumprimentos, o cronista informa do evento – III Jornada Ampliada de Educação - que iria acontecer na cidade de Fronteiras com inicio marcado para a sexta-feira dia 4. O escritor Francisco de Assis Sousa seria um dos palestrantes daquela iluminada jornada cultural. Na oportunidade o professor diz que a sua palestra teria o tema: “Indústria cultural, produção local e valorização – obras piauienses”. Abordaria na sua explanação os escritores da região que tinha mais acesso. “Vou digitalizar as capas dos livros para colocar nos slides e complementar a apresentação com alguma parte dos livros”. O livro A Arte de Transmitir a Mensagem estava lá. Não confirmei de imediato presença. Fiquei de ver a agenda.  
            Para matar a curiosidade e ter maiores informações sobre o evento, passei pelo blog de noticias da cidade para colher mais detalhes, logo vi que a Jornada Ampliada de Educação já estava na sua terceira edição e tinha como tema: “Construindo conhecimento e formando profissionais para o futuro”. Levando afinco à frase do pensador norte-americano John Dewey “a educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida”, os organizadores seguem todo o final de semana com o evento, engrandecendo, dessa forma a cultura local.   
            Sexta-feira 4, feriado municipal em Picos (dia do inicio do evento), logo cedo liguei para o professor/palestrante e confirmei presença no evento, assim como também para um dos organizadores a fim de ter mais informações. Às 14h50min sair de Picos com destino a Fronteiras. Cheguei às 15h55min. A palestra começaria às 17h. Fui direto para a agência do Banco do Brasil para matar a saudade. Trabalhei ali de maio de 2004 a abril de 2006. Os funcionários da agência bancária, não são mais os mesmo da época, só um dos vigilantes e o casal de zeladores. Muito bom voltar o filme da memória.   
            Às 17h cheguei ao Clube Recreativo Fronteirense, onde aconteceria a III Jornada Ampliada de Educação. Encontrei lá o palestrante, os organizadores e alguns amigos da época de forasteiro. A belíssima apresentação do professor seguiu o seu transcurso normal. Findado a apresentação, dado os agradecimentos e parabéns aos organizadores do evento, vendido alguns livros e deixados outros em poder dos organizadores, fui jantar no restaurante de um conhecido da época da minha estadia na cidade. Entre o inicio e o final do jantar, conversei um pouco com o proprietário do estabelecimento sobre alguns assuntos marcantes do tempo em que por ali passei, e depois de concluído a comilança, por volta das 21h, com mais cultura na bagagem, retornei a Picos.  


(*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com


Crônica/Artigo publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí – FRONTEIRAS – em 17/10/2013 na página 2 Opinião (Jornal Impresso).

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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A força da emoção


(*)JOSSELMO BATISTA NERES
            No mesmo calor das palavras do texto (Sobre a dor) de Marla de Queiroz, na mesma intensidade e a um tanto quanto, endosso o que a escritora diz: “mas o que faz a dor? A dor quando bem vivida, percebida, acolhida, não passa de uma forte emoção. Nem toda dor é causada por alguém: dor de amor é a mais vulgar (no sentido de ser a mais comum), dor existencial é uma transcendência. Não evito minhas dores, vou até o cerne dos sentimentos, vejo-a tão vital quanto à alegria. Pois se, através deste processo também me vem à necessidade de auto-investigação e evolução interna, por mais desnorteado que eu me veja enquanto inserido no emocional da situação, é esse desconforto que me indica o degrau acima, me tira da zona de conforto, me instiga a buscar uma nova direção. A dor bem aproveitada não deve ser temida, deve ser usada como ferramenta para o autoconhecimento, extirpação do mal-resolvido, para o crescimento. Eu não temo a dor, nem emoção alguma, se assim fosse, até a alegria me incomodaria. O que não permito é que ela me leve ao estado da prostração, da autopiedade ou de algo que não aceite regeneração. Dor transmuta-se. E o Tempo dono de todas as coisas, ensina quão provisório é o pranto e a gargalhada. Por isso não recuso nada. Que venha o que vier, como vier. Eu suporto qualquer circunstância que me lapide, que me desassossegue para que eu valorize os momentos de paz do meu coração. Vida é totalidade. Inclui tudo. Vida é vontade de Mundo. Dor faz parte da vida e, por mais preciosa que seja, não permito que ela seja a parte mais importante.”
            Envolto nas palavras de Marla - na força da emoção – sigo a freqüência dos pensamentos do renomado escritor Paulo Coelho, “não tenho medo do sofrimento, pois nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca dos seus sonhos”. Parafraseando Mark Twain (pseudônimo de Samuel Longhorne Clemens, escritor norte-americano), nunca afasto dos meus sonhos, porque se eles forem eu continuarei vivendo, mas terei de deixar de existir. Em meio aos sonhos e a dor – não em todas as situações, mas em alguns casos - brota a injustiça. O filósofo Platão em um de seus discursos afirmou que “praticar injustiças é pior que sofrê-las", e foi mais além dizendo que “quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado”. Acompanhando o sentido corrente da forma Vulgata – na versão mais difundida – "o injusto cai por sua injustiça" e Goethe (
Johann Wolfgang von Goethe, escritor alemão) completa afirmando que “prefiro uma injustiça a uma desordem."
            A poetisa Florbela Espanca no primeiro quarteto do soneto “A minha Dor”, diz: “a minha dor é um convento ideal / Cheio de Claustros, sombras, arcarias, / Aonde a pedra em convulsões sombrias / Tem linhas dum requinte escultural.” O caminho é viver com naturalidade e encarar os desafios da vida com humildade. Quem tem fé da um jeito. É isso.  
 

(*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com


Crônica/Artigo publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 10/10/2013 na página 18 Galéria-Cultura (Jornal Impresso).

Pode também ser conferida na Edição Eletrônica endereço abaixo:
http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx

domingo, 6 de outubro de 2013

Poema - Liberdade - Josselmo Batista


Bom é sentir-se livre como o vento...
Voar alto como os pássaros
Ter a liberdade entrelaçada na alma.

Salão do Livro de Picos


(*) JOSSELMO BATISTA NERES

            Embalado como a frase: “quem lê, vai além do infinito”, de autoria do escritor homenageado no evento, o picoense Fontes Ibiapina, Picos sediará entre os dias 12 a 15 de setembro de 2013 no Estádio Municipal Helvídio Nunes de Barros, o primeiro Salão do Livro de Picos – I SaliPicos. Os organizadores do evento estão de parabéns. Região pobre de literatura pela falta de incentivo por parte dos poderes públicos, o encontro literários veio em boa hora e vai ao encontro do compartilhamento e da evolução do conhecimento. Os amantes das letras agradecem. O SaliPicos nasceu em um momento oportuno e com a necessidade de difundir para os apreciadores de uma boa literatura o universo dos livros e da leitura.
            Quem lê, viaja em lugares nunca dantes indo. Aguça a imaginação. Desperta a emoção. Aflora os sentimentos. Liberta os pensamentos. Oxigena o cérebro. Nascem as opiniões. Idealizado pela Prefeitura Municipal, juntamente com Secretaria Municipal de Educação, através do secretário Padre Walmir de Lima, e com o apoio da Fundação Dom Quixote de Teresina, o I SaliPicos, conforme informações divulgada no site oficial do evento, contará com palestras, bate-papo literário, tendas de leituras, exposições de livros, circo das letras, lançamento de livros, shows. Não faltará assunto para ser abordado no campo literário. Assim acreditamos e damos o nosso apoio.
            Ausente de incentivo e pouco auxilio do poder publico, fazer arte por esse chão é “malhar em ferro frio”. Em 1975, Fontes Ibiapina lançou o livro Paremiologia Nordestina e na apresentação intitulada de “Rol de Porteira” o autor aborda a insatisfação pela falta de um ambiente cultural mais ousado. Em um trecho do escrito o autor solta o verbo: “Quem não tem irmão brinca só. Tal o nosso caso aqui vivendo a fazer literatura sem companheiro – solitário que nem gato de tapera, ou João-de-barro viúvo. Quem não tem cachorro caça com gato. Tristezas não pagam dívidas. Nem choro em pé-de-cova levanta defunto. Deixemos de pseudo intelectuais, por sinal, lerdos que nem velha devota, vivam por aí afora arrotando sapiência de Sábios da Grécia, dormindo que nem cobra preta estirada em palheiro de cana e escondidos que só bode de bicheira. Que nos interessa seus voos de marreca choca! Pura e sem mistura, besteira tentar acordar quem dorme em leito de loiros fictícios de intelectualidade evaporante. Não adianta assobiar quando o boi não quer beber água.”
            No contexto intelectual os picoenses contam com a Academia de Letras da Região de Picos – ALERP e a União Picoense de Escritores – UPE.  O I SaliPicos vem ao encontro do engrandecimento da cultura da região e abordará - com certeza - algumas reflexões necessárias e pontuais que contribuirá para a construção do conhecimento. Picos, a terceira maior cidade do Estado do Piauí em termo populacional, com um centro educacional riquíssimo é inadmissível ainda não ter acontecido um evento dessa magnitude. Nunca é tarde. Que não fique só no primeiro. Encontramo-nos no evento.
            Saudações literárias.

(*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
Autor do Livro: A Arte de Transmitir a Mensagem
E-mail: josselmo@hotmail.com

O texto acima teve a sua primeira publicação em 13/09/2013 nos sites abaixo:



segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Um fidalguense fala


(*) JOSSELMO BATISTA NERES

            Na Bíblia, Antigo Testamento, Livro Eclesiastes capítulo três, diz: “os tempos se impõem aos humanos. Tudo tem a sua hora, cada empreendimento tem o seu tempo debaixo do céu”. São Miguel do Fidalgo, Piauí, Brasil está nos idos do tempo presente. O povo fidalguense precisa suplantar as desordens ordeiras cravado no âmago. Esse tempo há de passar. Que Deus tenha comiseração das almas, que se aproveitam da ação vil alheia para tirar partidos em benefícios não figurado.  
            O povo fidalguense precisa de uma boa educação. Uma boa estrutura educacional. Bons exemplos a seguir. Agregar modelos fundamentais e levar o debate em linha crescente e consciente para o crescimento ativo do saber. ‘Povo pobre é povo sem cultura’. A educação é o guia na construção do fundamento.  Infelizmente não é o que se ver nos rincões de algumas cidades brasileiras. Por vezes alunos são transportados de localidades longínquas em “paus-de-arara”. Levando poeira, sol e chuva numa verdadeira falta de bom senso com aqueles que são o futuro do nosso país. É inadmissível isso acontecer em pleno século XXI. É certo que tempos atrás esse mesmo percurso se fazia a pé ou em lombo de jumento. Os tempos mudaram. Nova lei nasceu. O município tem que adquirir microônibus escolares para transportarem os alunos. Isso é o mínimo. Salários dignos para os professores ao invés dos míseros recebidos em suas jornadas de trabalho. Mais incentivo na construção do alicerce educacional um tanto quanto para o docente como para o discente.  
            O povo fidalguense precisa de serviço de Saúde com qualidade. Mais Segurança pública. Saneamento básico. Profissionais qualificados para guarnecer a estrutura e o bom andamento da mobilidade do município. Um bom administrador tem de dar assistência adequada para o povo.   
            Sob recomendação do Eclesiastes debaixo do céu há “um tempo para nascer, um tempo de amar, um tempo para chorar, um tempo para a guerra, um tempo para a paz, um tempo para plantar, um tempo para arrancar o plantado, um tempo para falar...”. Existem tempos para toda a veemência dos sentimentos.  Entendo o calor que faz vibrar de alegria e contentamento os espíritos de cada cidadão e cidadã de nossa cidade. Sob a inspiração que brota a cada canto desse município, compondo o ritmo da vida de cada pessoa, proclamo que todos tenham consciência, entendimento e conhecimento do que se passa na circunscrição administrativa e venha cobrar dos verdadeiros responsáveis pelo zelo da coisa pública. Faça valer o seu direito.

(*) JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com

Crônica/Artigo publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí – UM FIDALGUENSE FALA – em 29/09/2013 na página 2 Opinião (Jornal Impresso).

Pode também ser conferida na Edição Eletrônica endereço abaixo:
http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx

O poder da palavra


(*) JOSSELMO BATISTA NERES

            A palavra carrega o peso institucional de quem a expressa. Palavra na língua portuguesa significa “som articulado, que tem um sentido” e tem a função de representar algumas ideias e pensamentos dos seres humanos. Refiro-me a um conjunto de letras do nosso alfabeto juntas e misturadas na forma escrita ou gráfica que tem o objetivo de buscar uma significação. 
             O Livro A Arte de Transmitir a Mensagem de quem vos escreve, lançado em dezembro de 2012, num breve comentário – não sendo nem Apresentação, nem Prefácio – estes foram escritos por renomados professores – escrevi um texto fundamentando o entrelaçar das letras formadas palavras presentes no livro. O nome do texto é Uma Palavra. O intuito do escrito foi além de dar uma ênfase e uma sustentação maior ao livro, foi também para explicar para o leitor o nascimento e o porquê de tudo. Recorri em certas passagens a outras palavras de autores credenciados na literatura para bem retratar e ambientar o calor da emoção imprimida em cada página ali no livro. A representação da palavra na sequência escrita (ou falada) do texto, os gramáticos chamam vocábulo e a ideia (ou sentido) que ele representa chamam de termo. Nem sempre é possível delimitar o sentido da palavra. As ideias muitas vezes não coincidem com a escrita. As palavras têm um sentido próprio e podem mudar de significado conforme o tempo e o local em que são usadas. 
            ‘A palavra tem poder’ – já li ou ouvi isso em algum lugar. A palavra empregada em contexto avesso a essência dos pensamentos, eleva os sentimentos e contamina a alma de forma avassaladora. Em algumas pessoas tem um efeito corrosivo. O texto Uma Palavra, aborda o embasamento necessário da construção da obra. Uma espécie de falar para o leitor, a imensa alegria da obra do criador. A palavra no bom contexto comove. Aflora o sentimento.  
            Quando quiser algo de alguém o convença com palavras que tenham alma... As sem almas ficaram para os pobres de espírito e para os ignorantes e inquietos pela falta do bom senso. O silêncio às vezes fala mais do que as palavras. As palavras podem ser usadas tanto para o bem como para o mal. Em alguns casos o silêncio é a melhor resposta. Em síntese é complicado explicar o poder que as frases têm dentro de um contexto falado ou escrito e principalmente o que exercem sobre o prenunciador, que tem uma ávida platéia atenta em deleite um tanto quanto inépcia.
          As palavras são letras misturadas – um verdadeiro quebra cabeças – junta-se fatos e acontecimentos. Noticias e informações. Criticas e elogios. A palavra explicando a própria palavra. Em vão. Em parte a palavra, imita o eco da compreensão. Em outra parte, a sensibilidade a qual é carregada na moldura da memória.

(*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com

Crônica/Artigo publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí – O PODER DA PALAVRA – em 19/09/2013 na página 2 Opinião (Jornal Impresso).

Pode também ser conferida na Edição Eletrônica endereço abaixo:
http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx

Geléia geral ( II )


                  (*)JOSSELMO BATISTA NERES                                        
           
               Torquato defendeu com veemência as convulsões políticas, comportamentais e sociais do Brasil de então. No livro “TORQUAtália {GELÉIA geral}” obra reunida (Rocco, 2004) de Torquato Neto, organizado por Paulo Roberto Pires, encontramos detalhes riquíssimos do dia-a-dia do autor, e que serviu como pano de fundo na construção da literatura lá impresso. Com um talento inquestionável, com um estilo rebelde, inquieto e insaciável no tecer das palavras e com os sentimentos aflorados, Torquato Neto escreveu em vários jornais cariocas sobre os mais variados assuntos da cultura popular, entre os noticiários, manteve entre março a setembro de 1967 no Jornal dos Sports a coluna “Música Popular” – escreve sobre discos e movimentos relacionados à música. Falava de tudo um pouco. No jornal Correio da Manhã, Torquato escreve em junho de 1971 a coluna “Plug” - uma espécie de suplemento de cinema e cultura. Representava o som e imagem do cinema brasileiro. No jornal última Hora na coluna “Geléia Geral” Torquato escreve quase que diariamente de agosto de 1971 a março de 1972 - uma discreta revolução da imprensa da época. Torquato falou de tudo e escreveu para todas as classes da cultura reinante. Dava nome ao fogo. Levava as discussões a ferro e brasa. “TORQUAtália {GELÉIA geral}” reúne os escritos do Jornal dos Sports, Correio da Manhã e Última Hora.
            O ano de 1968 não termina bem para Torquato Neto. Em São Paulo, passa pela primeira das quatro internações a que vinha acontecer pelos excessos do álcool. Rompido com alguns companheiros tropicalista e deprimido, embarca para a Europa uma semana antes do AI 5. Fica sabendo da decretação do Ato Institucional na Holanda. (os companheiros que ficaram no país sofrem as truculências da ditadura). No ano seguinte já em Londres no seu “exílio”, a esposa Ana vai ao seu encontro.  Lá Alugam um apartamento e moram por alguns meses até se transferirem para Paris. Na viagem conhecem também Espanha e Portugal. Volta ao Brasil no inicio dos anos 1970 e sentindo-se alienado tanto pelo regime militar como pela ideologia de esquerda, as internações e o rompimento com diversas amizades, Torquato começa a se isolar. O refúgio foi o boteco e a maquina de escrever.
        Entre projetos novos e a depressão, Torquato empenhava-se na edição – única - da revista Navilouca. A revista seria uma espécie de resumo do movimento cultural alternativo da época. Em 1974 reunindo, Waly Salomão, Heraldo de Campos, Hélio Oiticica entre outros, com projeto de Luciano Figueiredo, Oscar Ramos e Ana Maria, a revista finalmente é publicada - em edição única conforme o planejado.
            Em depoimento-entrevista dado a Régis Bonvicino, Décio Pignatari disse que “Torquato era um criador-representante da nova sensibilidade dos não-especializados. Um poeta da palavra escrita que se converteu à palavra falada, não só à palavra falada idioletal brasileira, mas à palavra falada internacional. A palavra falada do Português do Brasil – e não o brasileirês, fosse piauiense, baiano, carioca ou paulista. Não era de folclorizar a língua... Era mais de ideologia do que de magia.”

                                                      (*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com


Crônica/Artigo publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí – GELÉIA GERAL (II) – em 10/09/2013 na página 18 Galéria-Cultura (Jornal Impresso).

Pode também ser conferida na Edição Eletrônica endereço abaixo:
http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx