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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Geléia geral ( I )


                      (*)JOSSELMO BATISTA NERES                                        
                                                                      
            Um homem a frente do seu tempo. Torquato Pereira de Araújo Neto foi poeta, jornalista, ator, cineasta, letrista de música popular e experimentador da contracultura brasileira. Torquato Neto, como é conhecido no meio artístico tinha um repertório cultural amplo e seus roteiros eram seguros. Criou modos de operar a arte de forma construtivista. Empregou na construção dos textos o modo crítico-criativo, e como disse Décio Pignatari usou a “montagem/colagem/bricolagem” para confeccionar a sua arte. O título deste texto é o mesmo de uma letra famosa dos tempos da Tropicália – movimento cultural ocorrido entre 1967 e 1968, que sacudiu o ambiente da cultura popular brasileira – a grande contribuição de Torquato com o movimento foi às letras da canção-manifesto entre elas “Geléia Geral” em parceria com Gilberto Gil. O Movimento durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pela ditadura militar. “Geléia Geral” também foi o nome batizada por Torquato Neto na coluna em que manteve no Jornal Última Hora do Rio de Janeiro, entre 1971 e 1972 escrevendo as polêmicas da cultura brasileira.
            Torquato Neto nasceu em Teresina no dia 09 de novembro de 1944, aos 16 anos mudou-se para Salvador para fazer os estudos secundários e em 1962, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar jornalismo, mas não chegou a se formar. Trabalhou em diversos veículos da impressa carioca com colunas sobre cultura. O escritor morreu no Rio de Janeiro no dia 10 de novembro de 1972. Suicidou-se um dia após o seu aniversário, aos 28 anos. Depois de chegar de uma festa, trancou-se no banheiro e abriu o gás. Ana, sua mulher dormia em outro cômodo da casa. Torquato só foi encontrado na manhã seguinte pela empregada da família. Deixou o seguinte bilhete: “(...) Tenho saudades como os cariocas do tempo em que eu sentia e achava que era um guia de cegos. De modo que fico sossegado por aqui mesmo enquanto dure. Pra mim chega! Vocês ai, peço o favor de não sacudirem demais o Thiago. Ele pode acordar.” Thiago era o filho com dois anos de idade.          
            Em 1973 foi publicada a obra póstuma “Os Últimos Dias de Paupéria”, organizada pela sua esposa Ana Maria Silva de Araújo Duarte e Waly Salomão. Na grade bibliográfica de Torquato também constam os livros “Torquatália – do lado de dentro” e “Torquatália – Geléia Geral” – obras reunidas, organizadas por Paulo Roberto Pires. Torquato é autor de inúmeras letras de músicas de sucesso em parceria com diversos compositores entre eles Gilberto Gil, Caetano Veloso, Geraldo Azevedo, Luiz Melodia. Foi ator em alguns filmes como “Nosferato no Brasil”, “Adão e Eva do Paraíso ao Consumo” e “Terror da Vermelha”, neste último também atuou como diretor.                                                                            
         Na preservação da memória segui o arrimo do sitio Dicionariompb, Tropicália e Wiki, para assegurar os fatos na construção precisa da releitura.                                                                             

                                                     (*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com

Crônica/Artigo publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí – GELÉIA GERAL (I) – em 15/08/2013 na página 18 Galéria-Cultura (Jornal Impresso).

Pode também ser conferida na Edição Eletrônica endereço abaixo:
http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx