As
palavras são variáveis. Carlos Drummond de Andrade, mestre do nosso idioma, no
poema “A Palavra e a Terra” profetisa entre outros vocábulos o seguinte: “Toda forma/nasce uma segunda vez e torna/infinitamente
a nascer... E a palavra, um ser/esquecido de quem o criou: flutua,/reparte-se
em signos...". As palavras para chegarem aos moldes do poema, ao longo
do tempo, a língua passou por diversas influências, transformações e
modificações no decorrer da história.
Visitando
o Museu da Língua Português no histórico Edifício da Estação da Luz, em São Paulo, dei-me por
conta a um diagrama em que a representação gráfica tinha como título: “As
grandes famílias linguísticas no mundo”. Achei interessantíssimo, e sem maiores
intenções, logo tratei em tirar algumas fotografias caso as imagens presenciadas
se apaguem da memória; para guardar como recordações e para mostrar a quem
dizer que estou mentindo, mas como ‘não sou besta nem nada’, comecei usando-as como
fonte na construção desta crônica. Acompanhando a ordem cronológica das fazes
da origem da língua até chegar ao estágio do português brasileiro, conforme se
observa na estrutura: Indo-Europeu, Grupo
Itálico, Latim, Latim Arcaico, Latim Vulgar, Romance, Romance Ocidental,
Galego-Português, Português e Português Brasileiro, foi percorrida um longo
caminho até o idioma atual.
Nos
vagões da história quando uma termina a outra começa. Nos primeiros anos da
vida escolar aprendemos que o capítulo da história da língua portuguesa no
Brasil teve inicio no ano de 1.500, quando os portugueses desembarcaram em
nossa costa – é certo que devidas a outras influências ao tempo o idioma vai se
modernizando. Revendo a história dos primórdios da língua, estima-se que por
volta do ano 4.000 a.C
(antes de Cristo) os povos de língua indo-europeu começaram a migrar para
várias regiões da Europa e da Ásia, dando origens a mais de 60 línguas
diferentes, espalhadas pela Índia, Iran, grande parte da Europa e das Américas.
Assim sendo, todas são aparentadas do português.
“A
língua é um mistério sobre o qual vale à pena debruçar-se e refletir”. O Museu
da Língua Portuguesa dedica à valorização e a difusão do nosso idioma ao qual é
considerado um “patrimônio imaterial” do povo brasileira e tem como objetivo
mostrar a língua como elemento fundamental e fundador da nossa cultura;
apresentar a Língua Portuguesa ao visitante com as suas origens, histórias e
suas diversas influências sofridas e mostrar ao cidadão usuário do idioma que
ele é o verdadeiro “proprietário” e agente modificador da língua.
Depois
de conhecer o acervo com o deleite de modernidade do Museu interativo com o
belíssimo jogo de palavras, som e imagens em formato de multimídia, que ajuda a
contar e a construir a história e a cultura do nosso povo, e saborear as
criações e ideias de várias gerações instaladas nos andares do edifício, voltei
ao cotidiano, sentei-me em silêncio e comecei a rebobinar o filme da câmara fotografia
e rever as capturas ali pressas. Um tanto quanto tudo visto nos espaços vivos
do prédio da centenária Estação da Luz, prendi-me em fascínio na exibição da língua,
da história e da cultura do povo brasileiro.
(*) JOSSELMO BATISTA
NERES
E-mail: josselmo@hotmail.com
Crônica/Artigo publicado no Jornal
Diário do Povo do Piauí – PATRIMÔNIO
IMATERIAL – em 30/01/2014 na página 18 - Galeria (Jornal Impresso).
Pode também ser conferido na Edição Eletrônica endereço abaixo: