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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Canto da Volta


               Luiz Leal de Moura Santos em maio de 1960, selou o cavalo e seguiu em direção o lugar Canto da Volta, na data Lages, município de São José do Peixe (hoje localidade do município de São Miguel do Fidalgo). A viagem foi percorrida a galope em companhia de Pedro Francisco Ibiapino, o dono daquele lugar, e tinha como missão ver a propriedade de 269 hectares e 50 ares com o intuito de comprá-la. O percurso na ida de Picos ao Canto da Volta teve a duração de dois dias e meio de viagem. A terra situava-se as margens da lagoa do Fidalgo e ao chegarem percorreram os extremos da propriedade e logo acertaram o preço e bateram o martelo. Após o devido pagamento a escritura é lavrada em 18 de julho de 1960. Luiz Leal de Moura Santos nasceu no município de Picos no dia 13 de julho de 1916, era mais conhecido como Luiz Cândido, por causa do avô paterno que chamava-se Cândido de Moura Fé.  
            Tinha como lema: a coragem, o trabalho e a honestidade. Já cansado do labor nas terras da localidade Saco das Tábuas e do Cercado no município de Picos (localidades hoje do município de Sussuapara), em 11 de Setembro de 1960, mudou-se para o seu novo endereço. Mesmo sem ter um parente na região resolveu segui o seu destino e fincar raízes na nova terra. Luiz Cândido nasceu e se criou na localidade Saco das Tábuas e ao casar-se morou por 19 anos na localidade Cercado de propriedade do sogro João José Batista. Luiz Cândido era casado com Joaquina de Moura Batista, prima legítima, com quem teve nove filhos, seis mulheres e três homens. Quando da mudança todos já eram nascidos. O filho mais velho morreu com um ano e cinco meses de nascido. A filha mais velha na época da mudança tinha quatorze anos e a mais nova oito meses de nascida.
            O destino estava traçado. Não tinha mais como voltar atrás. Com a saudade no peito e a ansiedade de romper novos horizontes, arrumou a mudança em um pau de arara e seguiu o seu caminho. Uma nova vida os esperava. O Canto da Volta aos poucos foi sendo habitado e a terra preparada para a agricultura. Luiz Cândido não tinha um parente na região, as estradas eram precárias e intransitáveis em época de chuvas, mas mesmo assim não desistiu do seu sonho e do seu desejo - ter terras férteis para o cultivo. Uma vez por ano voltava a Picos para rever os parentes e amigos, e em casa em casa (almoçava em uma, jantava em outro e pernoitava em outra) passava uns três dias na viagem. O tempo passa e o Canto da Volta passa a ter no torrão a marca e a identidade do seu dono. Luiz Cândido lutou pela vida até o último segundo e cumpriu com maestria o seu dever na terra. Deus o chamou para perto de si em 2 de julho de 2001 para uma nova missão.
            O trajeto percorrido hoje pela via normal Picos – Oeiras - Colônia do Piauí - São Miguel do Fidalgo tem uma distância de 182 km. Outros tempos. No filme da memória vejo a casa grande, o pé de juá no terreiro em frente à casa, o curral, a capela, pé de tamarindo, umbu... A uns quatrocentos metros em frente da casa, o poço, os canteiros de verduras, a plantação de bananas, coco, manga... Canto da Volta, eternizado na história nos meus dias de ontem, hoje e sempre.

(*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com
 
Crônica/Artigo publicado no Jornal Diário do Povo do Piauí – CANTO DA VOLTA – em 07/11/2013 na página 18 Caderno Galeria (Jornal Impresso).

Pode também ser conferida na Edição Eletrônica endereço abaixo:
http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx