Por força da lei a compra de voto no território brasileiro é crime. Quer dizer, é o que deveria ser. Aliás, é, mas não é. Agora me confundi. Na verdade a compra de voto é uma praga resistente ao conjunto das leis. E os únicos culpados da legislação na nossa pátria não funcionar, acreditem, somos todos nós.
Assistir a outro dia
pelas redes sociais, um vídeo caseiro em que uma mulher aparentando ter em
média quarenta anos, de fisionomia humilde, sotaque nordestino, voz firme e uma
lucidez invejável, narrar no seu pronunciamento em frente da câmara, a ponta do
iceberg dos problemas alastrados na nossa nação. Pelo monitor não dá para
identificar o nome e nem diz quem é essa brasileira, que tenta convencer o
espectador com o seguinte discurso:
"O problema não
tá no ladrão corrupto que foi Collor, não, nem na farsa que foi Lula. O
problema tá em nós como povo, porque a gente pertence a um país em que a
esperteza é a moeda que é sempre valorizada. É um país onde a gente se sente o
máximo porque consegue puxar a TV a cabo do vizinho. A gente frauda a
declaração do Imposto de Renda para poder pagar menos imposto. Onde há pouco
interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo na rua e depois reclamam
do governo porque não limpa os esgotos. Saqueia as cargas dos veículos
acidentados. O camarada bebe e depois vai dirigir. Pega um atestado sem tá
doente só pra poder faltar no trabalho. Viaja a serviço de uma empresa, o que é
que ele faz? Se o almoço foi dez reais, ele pega a nota fiscal de vinte. Entra
no ônibus, se senta, se tem uma pessoa idosa, se faz que tá dormindo. E querem
que o político seja honesto. O brasileiro tá reclamando de quê? Com a matéria
prima desse país? A gente tem muita coisa boa, mas falta muito pra gente ser o
homem e a mulher que nosso país precisa. Porque eu fico muito triste, quando
uma pessoa... ainda que um governante renunciasse,
hoje, o próximo seria... a suceder ele, teria que continuar trabalhando com
essa mesma matéria-prima defeituosa, que somos nós mesmos, como povo. E não
poderá fazer nada, porque, enquanto alguém não sinalizar o caminho destinado a
erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá, não. Nós é
que temos que mudar. O novo governante com os mesmos brasileiros não pode fazer
nada não. Antes da gente chegar e culpar alguém, botar a boca no trombone, a
gente tem que fazer uma autorreflexão: Fique na frente do espelho, você vai ver
quem é o culpado. Eu espero que nessa próxima eleição, dessa vez, o Brasil todo
tenha noção do que realmente significa o poder de um voto". (grifo nosso).
Na verdade, os nossos representantes que deveriam dá
exemplo, são os primeiros a estimularem os cidadãos a andarem fora dos trilhos.
Na realidade esses são os piores. Por quê? Quem faz e aprova as leis? Quem afervora
a venda e quem compra o voto? A lista segue. Se todos tivessem conhecimentos e
fizessem valer o poder do seu voto, teríamos um lugar bem melhor para se viver.
Quem compra e vende o voto comercializam a consciência, a integridade, a moral,
o caráter... dentre outros adjetivos. Sim, meus caros leitores, estamos falando
de seres humanos, de seres pensantes. Estão certo ou errado? Tentem decifra-los.
Em particular, vou continuar levando afinco o aconselhamento do percussor da
reforma protestante, Martinho Lutero, onde afirma que: “é melhor ser dividido
pela verdade do que ser unido pelo erro”.
Josselmo Batista Neres
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Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 26/07/2016 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
Pode também ser conferido na
íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:
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