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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Poucas boas palavras


                                    E agora, rabiscar sobre o que? Pensativo na escrivaninha com a maquina de escrever ligada, de repente veio à ideia. Vou iniciar um diálogo pelo whatsApp com uma jovem que, num tempo aproximado, descobri que o Rock é um dos seus gêneros musicais preferidos e, sem que ela saiba nesse primeiro momento, transformar a conversa em um texto. Como já sabia do seu gosto pelo ritmo do som, veio à interrogação, e o gênero literário? A lâmpada ascendeu sobre a minha cabeça. Nesse intervalo de tempo principiei a batalha usando a tecnologia em favor do nascimento dessa crônica.              Começa o festival de perguntas. Qual o gênero literário que você gosta de ler: poema, crônica, conto, romance e etc. A moça responde: Romance e crônica. Eu gosto de poemas também, mas não para leitura do livro todo. Tipo o teu livro (A arte de transmitir a mensagem) eu fui lendo de cinco por dia. Em horários diferentes. Poemas eu gosto de ler um e ficar com aquele na cabeça. Aí vou lendo aos poucos.
            Evidenciei a ela que os gêneros de poema e crônica também são os meus favoritos. Até por que, como o poema e a crônica não seguem uma história linear, pode ser lido o primeiro, pular para o último, voltar para o do meio e, sem a perda do sentido, já que um escrito não está interligado um com os outros. Diferente da leitura de um romance, biografia, por exemplo, você não pode começar pelo fim. E reafirmei novamente a leitora que, os gêneros que mais me atrai, além dos já citados, também ponho na conta, a leitura de biografias. Tenho uma inclinação por histórias reais.
            Como foi produtiva a primeira pergunta, logo redigir à subsequente. Qual o autor, digamos assim, que você mais leu, ou mais gosta? A entrevistada indagou: Autor? Agora você me apertou sem me abraçar. Sou péssima para lembrar nomes. Mas rememoro Yalom (Irvin D. Yalom, psiquiatra e escritor americano), que são livros de psiquiatria. Zibia Gaspareto (escritora espiritualista brasileira), que são romances e crônicas espirituais. Goleman (Daniel Goleman, psicólogo e escritor americano), livros de meditação. Um autor que eu sempre fui encantada é Paulo Coelho (escritor brasileiro). Desde adolescente. Já li muitos livros dele. Eu estava lendo um recente sobre sexualidade, adolescente... crônica, mas não lembro o autor. E conheci um bom autor agora também, Josselmo Batista Neres, cronista e poeta (com certeza era brincadeira, mas o ego deste foi às alturas, risos). E tem outros vários, mas como te disse, sou péssima para nomes. E leio muitos livros de psicologia, casos clínicos. Livros policiais também... Algo mais que deseja saber? Pode perguntar. Se eu souber responder. Se eu não souber ai a gente discute para encontrar a resposta. Concluiu. Em tom de humor, respondi que queria saber mais sim, e revelei que dos autores citados, além deste que vós escreve, claro, só Paulo Coelho é que já li e tenho alguns exemplares dele na minha modesta biblioteca. A jovem finalizou: é um autor místico, mas também bem real na moral dos seus livros.
Não adivinhava a entrevistada que, as poucas boas palavras nascidas na leveza espontânea, além de serem lançadas a eternidade, os vocábulos supramencionados se tornariam uma pedra fincada na construção da ponte para uma nova viagem. Fale de novo, não ouvi, como é mesmo meu caro leitor, o nome da moça? Deixe de curiosidade, o segredo inerente é a chave para edificar o alicerce da caminhada. 
                                                                                   
                                                                                                                                                                     Josselmo Batista Neres
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Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 08/09/2016 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso). 

Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo: 
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Juazeiro: árvore do sertão


               
                Este cronista, meu caro leitor, que fez o desenho do escrito que começara a ler, quando lhe foi dado à oportunidade de vim ao mundo e alcançou o entendimento do plano perfeito das coisas terrenas, já deu por conta da árvore do juazeiro, fincado em frente à casa da fazenda, isso na localidade Canto da Volta, no abençoado município de São Miguel do Fidalgo. Além do mais, o frondoso vegetal supracitado cobre com uma maravilhosa sombra, todo o vasto terreiro. Nas reminiscências sadias do outrora, o “pé de juá”, brota frequentemente na cachola, como uma das belíssimas imagens que ornamenta o cenário do torrão.
            O juazeiro é conhecido por diversos nomes, como por exemplo: juá, joá, joazeiro, juá-de-espinho, juá-fruta, enjuá, enjoaá, juá-mirim, laranjeira-do-vaqueiro, entre outros, no entanto, as denominações mais difundidas desta, que é uma das árvores símbolo do sertão brasileiro é juazeiro e juá. O “pé de juá” é uma espécie predominante da caatinga e, tem como nome científico ziziphus joazeiro.
             Tronco robusto, da família das ramnáceas, tem presença constante nas regiões do semiárido nordestino e, na minha descrição, mais precisamente na região do Vale do Fidalgo, no centro sul do Estado do Piauí, assim como, também acredito ser nos demais vales, a planta lenhosa se eleva aproximadamente uns dez metros de altura. Espinhosa, esgalhado desde o solo, o joá produz uma interceptação da luz espetacular e em tempos de calor escaldante, amenizar o ardor dos viventes do sertão. A laranjeira-do-vaqueiro é uma planta muito respeitada pelos caboclos, e entre as utilidades, serve de alimento para o gado na seca, para alimentação humana (os frutos são ricos em vitamina C), para fazer cabos de ferramentas agrícolas, para fazer carvão e, a madeira por ser muito durável, é usada no setor de movelaria, já as folhas e a entrecasca ("raspa de juá"), são indicadas para a fabricação de produtos de higiene e estética. Um tanto quanto, todas as partes da formosura supradita, têm a sua importância sublime.
            Dentre as cidades do imenso território brasileiro, que por um motivo ou outro, homenageiam a belíssima árvore, estão entre as que os pés deste já tocaram: Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, terra do Padre, Cícero Romão Batista (Padim Ciço, como é conhecido por milhares de romeiros) e, Juazeiro, no Estado da Bahia, situada às margens rio São Francisco (o velho Chico), um dos maiores curso de água natural do Brasil.
             Em tempos de estiagem causticante, o juazeiro é um dos raros arvoredos que não fica com a cor acinzentada nos períodos de extrema sequidão, e é nessa época que quando olhamos a imensidão das chapadas e enxergamos o vulto do verde em meio à vegetação seca e retorcida, logo vem à mente ser um “pé de juá”, isso por ser uma das poucas árvores que resistente o verão e, dificilmente as folhas caem, mantendo o verdejante característico sempre vivo.

 
                                                                                                                                                                             Josselmo Batista Neres
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Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 26/08/2016 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso). 

Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo: 
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