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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Motivo

                                        [cecilia+meireles.jpg]
                                               Foto: Web
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles (1901-1964)

Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Foi criada pela sua avó D. Jacinta Garcia Benevides.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Guerra d'água

Edição:  1576 |  15.Dez.99


 Matéria publicada na Revista ISTOÉ na Edição:  1576 |  15.Dez.99. 

             São quilômetros de solo cinzento esturricado, exalando forte cheiro de enxofre. Em muitos trechos, o chão é coberto por cristais de sais minerais. A paisagem é lunar. Uma canoa abandonada, calcinada pelo sol, faz lembrar que há pouco tempo existia água em abundância na lagoa do Fidalgo, no semi-árido do Piauí. O drama da lagoa, que era uma das mais piscosas do Estado, começou em 1972. Um poço, com mil metros de profundidade, foi perfurado pelo Departamento Nacional de Pesquisas Minerais (DNPM) na cidade de São Miguel do Fidalgo, à época distrito da cidade de Paes Landim, próximo da lagoa. A água jorrou forte e entusiasmou os moradores da região. Poderia estar ali uma garantia de perenização dos rios e lagos da região durante as secas. A festa durou pouco. A água era quente, quase 50 graus. Para piorar, tinha sais de magnésio, cálcio e potássio em excesso e alto teor de enxofre, não servindo para consumo humano. Para irrigação, só com tratamento especial. O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), que encomendara o serviço, mandou furar outro poço, tentando reduzir a pressão da água. Não adiantou. Os poços foram tapados, o que causou mais problemas. A água, vinda de um gigantesco lençol a quase mil metros de profundidade, rompeu o revestimento, se espalhou pelo solo e passou a jorrar, quente e malcheirosa, por toda a região. Os poços foram então reabertos, esguichando água até hoje.
             O desastre ecológico só foi notado na seca de 1983, quando o nível de água da lagoa de 13 quilômetros de extensão baixou: mortandade de peixes, cágados e jacarés, água imprestável para o consumo e progressiva salinização da lagoa. “Na época, o susto foi grande. Mas, com o tempo e a volta das chuvas, o problema do vale do rio Fidalgo ficou esquecido”, recorda o deputado federal Wellington Dias (PT-PI), nascido na região. Novos períodos de seca nos últimos anos agravaram a situação: enquanto o rio praticamente secava, os poços continuaram a jorrar água sulfurosa. Este ano, depois de dois anos de seca, a lagoa, antes um oásis no meio do semi-árido do Piauí, secou de vez. Corrigir o desastre custa caro, mas é possível. Projeto elaborado há quatro anos pelo engenheiro especialista em barragens Norbelino de Carvalho prevê o uso da água do rio Piauí (onde deságua o rio Fidalgo) para encher a lagoa, diluindo os sais e o enxofre depositados desde 1972. A água seria captada no rio Piauí e bombeada, através de um canal, para as lagoas do Vasco e do Fidalgo. Uma barragem de 2,50 m de altura e 360 metros de largura seria feita na boca da lagoa do Fidalgo para reter a água. Na época das cheias, a água acumulada seria liberada rio abaixo. “Tudo custaria R$ 8 milhões e as 22 lagoas ao longo do rio Fidalgo voltariam a ser um oásis”, garante Norbelino. Quando o projeto foi apresentado em 1995, o governo do Piauí alegou não ter verbas e que a responsabilidade era do governo federal.


Nada foi feito pelas autoridades. A ideia da obra da barragem foi abandonada e os poços estão matando a lagoa. 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pensamentos em Clarice

                                                           
                                                                                         Foto: Web

            Ultimamente estou lendo muitos textos escritos por Clarice Lispector, há algum tempo li o livro à Hora da Estrela, mim encantei com a narrativa da autora. Clarice tem uma síntese perfeita, algo incomum e inconfundível. Narra de uma forma impar e seduz o leitor com as suas narrativas, pelo menos eu mim aprisionei completamente.
            Há pouco tempo deparei-me com uma amante das narrativas da escritora, o que mim fez voltar à chama que ainda não estava apagada dentro de mim. Indentifico-me completamente com as frases da escritora, até parece que quem ta escrevendo ali é eu. A frase de Clarice: “Sou tão misteriosa que não me entendo”, encaixa perfeitamente em mim, vivo em um grande mistério...
            Como posso ver nos textos de Clarice aquilo que sou eu? Passando por um lugar em nenhum momento antes percorrido dar-me a impressão de já ter passado por aquele lugar, como pode isso acontecer? Como teria sido minha vida ao reencarnar? Clarice escrevia o que era, eu escrevo o que sou e isso faz-me sentir bem.


Clarice Lispector escreveu:

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

"Eu não escrevo o que quero, escrevo o que sou..."

As palavras desperta-me na busca do encontro.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Doze de Abril

                                               
                                                         Foto: Web

            Doze de abril o coração despedaçou-me, estar quase morrendo de tanta dor... Dor da saudade, de estar sempre junto, dor de um amor ardente, dor de um amor de momento que queima como uma lava fumegante, dor de querer amar... Esse dia vai ficar marcado como o dia em que o meu coração voltou a viver, voltou a viver de uma forma estranha que não reconheço, voltou a viver em silêncio e carregado de emoções que não estava mais acostumado a sentir. Meu coração passou o dia batendo acelerado, de uma forma traiçoeira e confusa. Cheguei a imaginar que meu coração estava morrendo, coloquei a mão no peito e pelo contrario, estava vibrando mais forte e mim causando uma imensa dor.
           O trabalho distraiu-me durante todo o dia, mas com o pensamento afinco em um único acontecimento, passei o dia em uma grande solidão trancado num silêncio profundo. Depois de um dia de trabalho que parecia não ter mais fim, abandonado sozinho na solidão do meu lar, procuro distrair minha mente para esquecer as pontadas em meu coração de uma enorme dor. As palavras são as únicas que mim consola neste momento angustiante, que não faz bem a ninguém. Peço aos deuses que cicatrize as feridas e que me deixe voltar a viver feliz.

sábado, 9 de abril de 2011

Escrevo o Que Sou

Clarice Lispector disse o seguinte: "Eu não escrevo o que quero, escrevo o que sou." Linda frase, mim identifiquei plenamente. Escrevo como forma de desabafo, de protesto, de indignação, para sufocar minhas tristezas e para alimentar as minhas alegrias. Caros leitores ao passear sobre os meus versos, não se preocupem em entender, eles não precisam ser entendidos, já ultrapassaram o entendimento. Escrevo o que sinto. A arte se intitula sobre tudo que o artista diz que é arte, e o que sou transformo em arte.  Tudo é maravilhoso. A emoção dentro de mim é um mistério. Do mistério surge à força da inspiração... Surge o espírito da imaginação. Quando sinto uma força lírica dentro de mim escrevo sobre o momento que seguem e/ou seguiram, falo com as palavras sem parar. Uso as palavras para sanar as lacunas dentro do meu peito.

jbn

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Vida é Pura Magia

             A vida é pura magia. Saudades do meu tempo de criança. Saudade das brincadeiras da infância. Lembro muito bem do medo que tinha do escuro. Medo da noite escura, medo de alma. Cresci não tenho mais medo do escuro, não tenho mais medo de nada. Como disse Sócrates o que tenho medo mesmo é da desonra.

            Nasci para ouvir e ser compreendido, não tolero injustiça, isso vem desde o meu entendimento, certa vez lendo dei-me com as seguintes frases de alguns filósofos. Platão em seus discursos afirmou que “Praticar injustiças é pior que sofrê-las", e foi mais além dizendo que “Quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado”. Platão Filosofo e grande pensador falava com propriedade sobre assunto e digo sem medo de errar é uma grande verdade. Acompanhando o mesmo pensamento Vulgata diz que "O injusto cai por sua injustiça" e Goethe completa esse texto afirmando que: "Prefiro uma injustiça a uma desordem."

            O que tenho a dizer sobre a injustiça é que aqui se faz aqui se paga, nada acontece por acaso na vida de ninguém. Uns nascem para serem felizes, outros para serem infelizes, uns nascem para vencer e outros para serem derrotados, uns nascem para brilhar, outros para ofuscar. O sol nasce para todos, mas nem todos são brilhados pelo sol.