Noite de sexta-feira, três de
dezembro, faltando vinte e oito dias para o inicio do ano de dois mil e onze. O
espaço do tempo presente emergiu em um enigmático brilho triunfante. Pisando as
terras da circunscrição administrativa de Bocaina, a pulsação inerente passava
e se perdia no denso negrume. Logo após, principia sábado, dia quatro, fazendo
valer o período de transição até o antemanhã despontar.
Estava sendo
comemorado no território supradito que fica no sudeste piauiense, os festejos de
Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade e, o agito no clube da cidade era
por conta de Toca do Vale. Forró do
bom. O recinto estava lotado e as bebidas que eram para serem geladas, naquela
altura estavam só o caldo. Mas no momento, com raras exceções, pouco importava.
Na chegada, ao
entrar no salão do arrasta-pé, muitas pessoas conhecidas, inclusive amizades
bacanas e camaradas, se é que você entende, meu caro leitor. Sim, é exatamente
o que você esta pensado, mulheres a bel prazer. Junto com os colegas, adentrei
no compartimento da festa e, logo todos se misturaram em meio à multidão. O
forró estava danado de bom. Arrochado só massa em prensa. Parado ninguém
ficava, era um vai e vem pra lá e pra cá. A aglomeração ficava zanzando dentro
do galpão, como se estivesse perdido, mas sem querer encontrar o caminho. No
entanto, isso não era nenhum problema, já que, para quem está sem rumo, o rumo
certo é o que está sendo seguindo. O relógio avançava no tic tac e todos, ou pelo menos alguns, bebiam, dançavam, beijavam...
A situação presente prometia um final de festa em aconchego.
Este que
ortografa, andava a procura do nada, ou do tudo? De tanto ir e vir depara no
meio do salão com um velho conhecido ao lado de uma esbelta morena e, ao
cumprimentá-lo indicou para outra linda garota que estava em pé sentada no
encosto de uma cadeira. Abraçado com a moça e sem querer que as jovens
percebessem, fez um sinal afirmando que a girl
que se firmava na cadeira estava sozinha e fez um gesto para que a coloca-se na
mira. Ora, não deu outra. A senhorita foi puxada e entrelaçada nos braços sem
lhe pedir licença e, um beijo foi dado. E acreditem, beijo correspondido. O regozijo
estava recomeçando com magnificência. Na ocasião do tempo breve já estava mais
pra lá do que pra cá. Mas consciente do ato do então. Não. Ora não, leitor, se
não, não estava aqui narrando os fatos.
A
patuscada aproxima-se do fim e a aurora já ameaçava clarear o dia. Chega o
momento de percorrer 22 km para retornar para casa, em Picos e, naquele
instante a sós com a pretendente, ela se despede da amiga com quem tinha ido
para a festa e, resolve acompanhar este no caminha da volta. Deixe de ter a
mente poluída, leitor, não aconteceu nada além de beijos. A viagem foi dentro
da normalidade, tranquila. Regressando, o dia já quase límpido, a garota foi
deixada na porta do seu apartamento.
Agora vou
confessar uma coisa, passa loucura na cabeça de algumas mulheres. Pouco tempo
juntos e a moça já quis seguir acompanhada de uma pessoa que acabará de
conhecer. Um estanho. E olha que a uma distância razoável e passando por um
trecho de estrada deserta e em pleno dilúculo. Os noticiários informam muitos
casos dessa natureza. Porém, estava com sorte à menina, não estava com uma
pessoa de mau caráter. Assim creio! Chegou sã e salva ao seu destino final e
com o coração transbordando de amor. Imagino. Antes da despedida daquele
primeiro momento, os números dos celulares foram trocados para futuros contatos.
No calor da
emoção foi combinado este de ligar em certo horário do sábado, para reverem-se,
conversar. No entanto, foi não dada à importância merecida e o primeiro diálogo
combinado não aconteceu. A retomada da reaproximação veio ocorrer, um dia
depois, no domingo, às vinte horas por iniciativa da garota, e se estendeu por
alguns anos, mas esse é o outro lado da lucidez, outro assunto para uma nova ficção
de mentira.
Josselmo Batista Neres ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em17/05/2017
Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em17/05/2017
na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
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