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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A força da emoção


(*)JOSSELMO BATISTA NERES
            No mesmo calor das palavras do texto (Sobre a dor) de Marla de Queiroz, na mesma intensidade e a um tanto quanto, endosso o que a escritora diz: “mas o que faz a dor? A dor quando bem vivida, percebida, acolhida, não passa de uma forte emoção. Nem toda dor é causada por alguém: dor de amor é a mais vulgar (no sentido de ser a mais comum), dor existencial é uma transcendência. Não evito minhas dores, vou até o cerne dos sentimentos, vejo-a tão vital quanto à alegria. Pois se, através deste processo também me vem à necessidade de auto-investigação e evolução interna, por mais desnorteado que eu me veja enquanto inserido no emocional da situação, é esse desconforto que me indica o degrau acima, me tira da zona de conforto, me instiga a buscar uma nova direção. A dor bem aproveitada não deve ser temida, deve ser usada como ferramenta para o autoconhecimento, extirpação do mal-resolvido, para o crescimento. Eu não temo a dor, nem emoção alguma, se assim fosse, até a alegria me incomodaria. O que não permito é que ela me leve ao estado da prostração, da autopiedade ou de algo que não aceite regeneração. Dor transmuta-se. E o Tempo dono de todas as coisas, ensina quão provisório é o pranto e a gargalhada. Por isso não recuso nada. Que venha o que vier, como vier. Eu suporto qualquer circunstância que me lapide, que me desassossegue para que eu valorize os momentos de paz do meu coração. Vida é totalidade. Inclui tudo. Vida é vontade de Mundo. Dor faz parte da vida e, por mais preciosa que seja, não permito que ela seja a parte mais importante.”
            Envolto nas palavras de Marla - na força da emoção – sigo a freqüência dos pensamentos do renomado escritor Paulo Coelho, “não tenho medo do sofrimento, pois nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca dos seus sonhos”. Parafraseando Mark Twain (pseudônimo de Samuel Longhorne Clemens, escritor norte-americano), nunca afasto dos meus sonhos, porque se eles forem eu continuarei vivendo, mas terei de deixar de existir. Em meio aos sonhos e a dor – não em todas as situações, mas em alguns casos - brota a injustiça. O filósofo Platão em um de seus discursos afirmou que “praticar injustiças é pior que sofrê-las", e foi mais além dizendo que “quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado”. Acompanhando o sentido corrente da forma Vulgata – na versão mais difundida – "o injusto cai por sua injustiça" e Goethe (
Johann Wolfgang von Goethe, escritor alemão) completa afirmando que “prefiro uma injustiça a uma desordem."
            A poetisa Florbela Espanca no primeiro quarteto do soneto “A minha Dor”, diz: “a minha dor é um convento ideal / Cheio de Claustros, sombras, arcarias, / Aonde a pedra em convulsões sombrias / Tem linhas dum requinte escultural.” O caminho é viver com naturalidade e encarar os desafios da vida com humildade. Quem tem fé da um jeito. É isso.  
 

(*)JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com


Crônica/Artigo publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 10/10/2013 na página 18 Galéria-Cultura (Jornal Impresso).

Pode também ser conferida na Edição Eletrônica endereço abaixo:
http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx

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