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domingo, 18 de maio de 2014

País do contraste


            Caro leitor, para começo de conversa vamos observar a rua, o bairro, a cidade, o estado e o país onde moramos. Certo? Acredito que no exercício da mente alguns de vocês vão indagar que na rua tem um trecho que necessita de pavimentação, no bairro a falta de reforma de um prédio público, na cidade a falta de obras para melhorar a mobilidade urbana, no estado obras que custaram bilhões encontram-se abandonadas e no país acontece um apagão de projetos. Entretanto, antes de prosseguir o olhar atento do que é precisa ser feito na nossa rua, vamos primeiro começar a observação pelo quintal da nossa casa, depois os cômodos, até chegar à calcada, não necessariamente nesta ordem, ou seja, vamos primeiro cuidar do que é nosso e que depende só de nós para se manter vivo.
            O Brasil é o país do contrate. Um país que no lugar de construir e reformar os seus portos marítimos constrói porto em águas internacionais. O porto de Luis Correia há anos vem se arrastando pela falta de recurso e/ou é a ingerência dos governos estaduais? No entanto, sobra investimento na ordem de milhões de dólares advindo do BNDES para ser aplicado no terminal portuário de Mariel em Cuba. Como bem critica os opositores “o governo brasileiro investe mais em Mariel do que nos portos nacionais.” Eu não acredito que o governo direciona os investimentos a Cuba devido a um alinhamento ideológico com Havana, seria radicalismo da minha parte.
            O Brasil é um dos principais impulsores do projeto cubano para ampliar o porto de Mariel. O governo brasileiro ao rebater as críticas do projeto do porto afirma que "cada projeto é um projeto". Isso é verdade. Agora me responda quem souber – o não investimento em Cuba não necessariamente levaria o dinheiro aos portos do Brasil? Ou o não investimento nos portos do Brasil é por falta de projetos dos governos estaduais e/ou fatores como restrições ambientais que estão dificultando a agilidade dos projetos? Se tem recurso para ser aplicado no porto do país comunista e lógico que por falta de verba do governo federal não é o caso, ou é? Só mais uma pergunta: será que o governo cubano vai honrar a divida com o Brasil? No discurso a Presidente afirma que a obra vai beneficiar várias empresas brasileiras com as exportações e várias já manifestaram interesse em instalar-se na zona frança daquela ilha. O jornalista Marlos Ápyus afirma que “o porto de Mariel cujo financiamento foi classificaso como secreto já está sob suspeitas de contrabandear armas para a Coréia do Norte, violando assim sanções internacionais.”
          Após financiar o porto de Mariel na ilha dos irmãos Castro, o Brasil está em vias de ceder ajuda em grande quantia para o Uruguai construir o seu porto. Em relação ao porto Marítimo do Uruguai, operadores portuários temem “que essa concorrência prejudique os portos nacionais. O financiamento pode ainda causar atritos entre o Brasil e seus colegas do Mercosul, já que eles também seriam afetados.” Sabemos que envolve muitos fatores que atraem o país para os investimentos internacionais. Todavia, antes de cuidar da rua em que moramos temos de cuidar da casa onde vivemos. “Num tempo em que o governo brasileiro habituou-se ao uso do ‘não sabia’ como desculpa para má gestão e desvios de ética, o eleitor precisa se manter atento a projetos do tipo.”

(*) JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil.
E-mail: josselmo@hotmail.com

Crônica publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 17/05/2014 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).

Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:

Mundo estranho


            Por favor, pare o mundo que eu quero descer. Por quê? Não suporto ouvir reclamação da ordem natural da vida, de ver fulano cuidar dos defeitos do outro e se incomodar com a grama do jardim do vizinho que está por cortar. Por ocupar-se cuidando da vida alheia termina não tendo tempo e deixando por fazer o que realmente interessa ser cultivado. Algumas pessoas perdem o seu precioso tempo tomando conta da vida do outro e o outro do outro transformando em um verdadeiro ciclo vicioso. Só tem uma explicação para essas mentes ter tanto motivo para o incomodo da existência do semelhante, a inveja, mas como é feito de forma espontânea o “linguarudo” nem se dar conta disso. Não é normal, mas é perdoável.
            Ninguém é cem por cento bom e nem cem por cento mal. Todos têm qualidades e defeitos. O ser humano é construído no andar dos passos, segue a lei natural da vida. Não demonstramos tudo o que sentimos e nem falamos tudo o que queremos. Minutos depois fatos novos são acrescentados. Cada momento dentro do seu momento. Tudo na vida passa e o tempo fala por nós. Na trajetória existem os seus caminhos e as suas escolhas, agora saber quais são os caminhos e as escolhas corretas é uma tarefa que necessita ter habilidades. Os trilhos a serem seguidos estão dentro do coração de cada um. O certo para um pode ser o errado para outro. Só existe uma verdade, a que está dentro de você. Na vida o que importa não é o que as pessoas acham de você, mas sim o respeito que você tem pela vida. É muito simples ser feliz – é só viver obedecendo cada etapa.
            Passamos um período da vida construído o alicerce que vai dar a sustentação do que planejamos seguir. É certo que vão existir os percalços que serviram para nos aperfeiçoar e assim seguir com a obra adiante. Em tudo na vida tiramos uma conclusão. Não devemos esquecer que somos o protagonista da nossa história. Temos de ter forca e determinação na nossa jornada, baixar a cabeça jamais. Temos que caminhar pra frente, voltar pra trás nem o cotovelo para dar impulso com o braço para frente. Recuar jamais.    
            Em alguns momentos da vida vão aparecer a nossa frente os desencontros de opiniões que devem ser encarado como instrumento para o engrandecimento do discurso, normal, ruim é quando por vezes levam ao distanciamento de pessoas que queremos fazer o bem. Muitas vezes o desentendimento ocorre por infantilidade entre as partes, e com isso permitimos que a lenha que alimenta a chama entre os seres se acabe. Para manter o fogo vivo temos que repor a lenha, o debate das opiniões tem de ser continuado no sentido de fortalecer as ideias. Caro leitor, todo momento da vida tem de ser pensado e repensado e como nossa alma é banhada de emoção temos de deixar aflorar os sentimentos na busca da felicidade. Por falar em felicidade aproveito a oportunidade para preencher com palavras a melancolia inoportuna que ronda o meu peito. A alma despenada e vazia bate na porta da razão.
            Meu caro, sem trapaça, obedecendo à ordem natural e seguindo todas as etapas do percurso reservado para você, as metas lançadas a vida vem naturalmente. Pensamento positivo, sempre. Preocupe-se mais com você. Não compartilhe com o pessimismo que brota de mente nefasta.

(*) JOSSELMO BATISTA NERES é funcionário do Banco do Brasil.
E-mail: josselmo@hotmail.com

Crônica publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 12/05/2014 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).

Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:

quinta-feira, 1 de maio de 2014

País do futebol


            O Brasil vai jogar a final da Copa do Mundo no Maracanã contra a Argentina e será campeão com um gol do paraibano Givanildo aos quarenta e seis minutos do segundo tempo. Sim, o gol que vai dar a vitória ao Brasil é do nordestino mais conhecido como Hulk. Na euforia da comemoração do Brasil campeão do mundo, por um instante os problemas pela ingerência dos governantes vão ser esquecidos e lembraremos apenas que a competição esportiva trouxe para a nação visibilidade, benefícios com obras estruturantes para assegurar o espetáculo, a vinda de turistas de diversas partes do mundo para prestigiar o evento, o volume da movimentação financeira, além da alegria e comoção nacional com todo o patriotismo preso no peito em ter visto a seleção fazendo bonito dentro de campo. Nada conta, a festa é linda e necessária. O lado ruim da história é que o divertimento só vai durar 32 dias.
            Recentemente acompanhamos as manifestações espalhados pelo país afora com protestos contra os gastos da Copa do Mundo e em uma nota assinada por uma das organizações de um movimento acontecido em São Paulo foi abordado entre outros tópicos à seguinte questão: “os gastos bilionários na construção dos estádios não melhoram a vida da população, apenas retiram investimentos de direitos sociais”. Deixando de lado à precariedade dos hospitais, dos colégios, dos sistemas presidiários, da má condição de muitos trechos de estradas, da falta de projetos estruturante para melhorar a mobilidade urbana, da falta de construção e melhoria de aeroportos, de portos marítimos e estradas de ferros para escoação da produção brasileira... O mais tudo vai muito bem.  
            A alegria de ter o Brasil sediando a Copa do Mundo é contagiante e incontestável. Entretanto, os estádios de futebol que acontecerão os jogos ficam nos grandes centros e alguns deles sem muita tradição no futebol e passando o período da Copa o campo estará fadado a se tornar “elefante branco.” É lógico que para acontecer os jogos é necessário ter uma boa estrutura para o espetáculo, isso é um fato. O que se questiona é o volume de dinheiro público investido em uma única arena onde, no entanto, devido aos subfaturamentos das obras o valor dos desvios daria para ser construído outro palco futebolístico ou vários hospitais e colégios com o montante surrupiado. Um verdadeiro desperdício. Cabe lembrar que quem paga a conta é o povo com a carga pesada de impostos e muitos se querem vão ter uma televisão para assistir aos jogos da Copa do Mundo, outros vão ter o aparelho mais a energia vai estar cortada por falta de pagamento porque o salário do mês só deu para os mantimentos e o remédio.
            O país do futebol também é o da corrupção, dos desvios de verbas públicas que deveria ser lançado em beneficio do povo ao invés do bolso dos larápios; é o país dos amontoados de enfermos nos corredores dos hospitais públicos pela falta de mais centros de tratamentos e infra-estrutura necessária para o bom atendimento; é o país da falta de prédios escolares, assistência e condições mínimas adequadas de funcionamento um tanto quanto para o discente como para o docente da rede pública. Brasil Hexacampeão Mundial de Futebol. Até quando a alegria do título vai enganar os problemas que a sociedade brasileira enfrenta?

(*) JOSSELMO BATISTA NERES
E-mail: josselmo@hotmail.com
Crônica publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 01/05/2014 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).

Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:

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http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx