Começo esta crônica com o bico da pena tecendo palavras sem conexão com
os padrões da contextualização. Todavia, no labor que emana o ofício, pregando
uma palavra aqui outra ali, logo o cérebro que estava adormecido ressurge com
plena fluidez. Os vocábulos se reorganizam, os termos são esculpidos e as
palavras ganham cor, som e imagem. No início da lida, com as frases ainda em
descompasso, um punhado de letras ficou martelando e em meio a outras palavras uma
permaneceu querendo sobrepor sobre as demais. Dezembro. Isso mesmo. Deu pra
entender? O décimo segundo e o último mês do ano no calendário gregoriano. Não?
Também não entendi a tamanha persistência. No entanto, no final do escrito,
talvez, venha à compreensão do por quê. O leque estar aberto. Porém, vou logo
adiantar, os acontecidos não se referem exclusivamente ao mês que sucede novembro.
O período o qual se evoca é um dezembro atemporal. Assim como os demais do
ciclo, em nenhum dos fatos, o período é afetado pelo passar do tempo. Pertence
ao presente. É imutável.
Os anos, os meses e os dias são meras convenções usadas para descrever
o tempo, para situar o vivente no espaço e orienta-lo na contagem da caminhada.
Os dias são todos iguais. O calendário é um tratado. Entretanto, nós
envelhecemos com os efeitos da pulsação. Todo o emaranhado de palavras que a
pena dispôs a enveredar fala do hoje que amanhã será o ontem, e que, o que muda
em relação um ao outro dia, são as ações construídas na passagem de cada o agora.
Os pensamentos que nasceram no princípio do diálogo sobre o mês de dezembro, os
quais imprimidos nesse enredo remetem ao seguinte: em acordo, é a fase repleta
de confraternizações em meios às empresas, funcionários e colaboradores. O
tempo de celebrar as metas e as conquistas alcançadas no decorrer dos doze
meses. A bola gira. Em meio às congratulações o autor da festança parabeniza os
feitos assim como, um tanto quanto, já começa a maquinar os números a serem
galgados no ano vindouro. O investimento nas reuniões ruidosas vale a pena.
Afinal de contas, funcionário satisfeito e sinal de maiores resultados. Almoço
de graça é mera ilusão.
Na contextura notável observa-se que não só o último, mas alguns outros
meses dentro do ciclo dos 365 dias são contemplados com período do regozijo. A
etapa que abrange as festas em cada época do ano preconiza a caminhada em nossa
volta. As datas festivas no sistema de divisão do tempo é invenção humana. Alguns
meses celebram isso ou aquilo e quem ganha é a economia com o aquecimento das
vendas no comércio. A entrada é pela confraternização universal. Dentre outros
segue, carnaval, semana santa... Dia de natal. Vou findar por aqui. O bom
velhinho de barba branca e roupa vermelha vindo do polo norte bateu à porta. Ver-nos-emos
em outra história.
(*) JOSSELMO BATISTA NERES
E-mail:
josselmo@hotmail.com
Crônica publicada no Jornal Diário do
Povo do Piauí em 21/12/2014 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica
no endereço abaixo: