Talvez algum dia, alguns anos,
algumas décadas... você esbarre nessa crônica pelas folhas amareladas do jornal,
no livro empoeirado da estante ou pela internet. Talvez uma tia comente, o
vizinho faça alguma referência ou talvez eu mesmo te mostre. Talvez entendam a
forma deste de pensar, falar e escrever, ou não? No entanto, nada disso vem ao
caso. Só quero que tenham uma certeza: cada escrito lapidado é um registro de
uma cultura, o valor pode ser pífio para alguns, não importa, entendo e respeito,
a alegria será a mesma com quem aprecia e compartilha. Sabe por quê? Não por
que o valor vem com o tempo; não por que o registro da cultura prevalece; não por
eternizar as palavras ou por se tornar imortal. Neca pitibiriba. O intuito é apenas
registrar o que está preso no coração remoendo para ser liberto, apenas para
satisfazer a própria alma. Deu para entender?
Pegando
emprestado o pronunciamento do escritor brasileiro Ferreira Gullar por vim ao
encontro dos pensamentos desde plumitivo, “uma coisa é certa: não tenho medo de
pensar, mesmo quando o que penso contradiz o que eu mesmo pensei e defendi”. Na
inocência, queira sim ou queira não, um texto nasce para prestar um serviço aos
viventes que resistem as ingerências do meio, pode até ter alguém que pense o
contrário, e tem, mas é aí onde está a maravilha. A regra é: juntar o conceito existente
com o que vem de encontro e formar outro ainda melhor. Aprendemos com as
opiniões contrárias. Alguém concorda?
Sem
sombra de dúvida, a arte muitas vezes é usada para informar, para falar com o
leitor, mandar um recado, para ironizar, para descrever as paisagens, enfim,
para registrar no calor das emoções, a razão de cada momento plantado na nossa
psique. Alguém duvida?
O ofício do processo de criação reflete na infância,
no lugar onde mora, na convivência, na existência de um modo em geral. Vejam
bem. As palavras podem entristecer, alegrar e emocionar. Porém, o maior favor
que as letras nos proporcionam é o registro dos efeitos de certo tempo. Vamos
eleger como base o poema “Pensamentos dela” e, fazer uma representação
pormenorizada e, tentar entender na infinidade das descrições um pouco sobre essa
transição. Segue a análise: recai sobre os olhos negros a transparência
envolvente da beleza esplêndida. Pensando bem, é melhor deixar o leitor fazer as
suas próprias averiguações. Toda e qualquer produção não terá como substituir o
interior de pura alma. Os versos evocados adiante, evidentemente ou talvez,
tenham nascidos para reafirma o íntimo transigente das reminiscências e expressar
em ordem aleatória a beleza natural através da arte afirmadora. Declamamos:
“Lindo olhar reinante... / O amor em brilho cintilante / Urge a verdade na
seriedade evidente. / Renasce em silêncio o saltitante pensamento / Ressoando o
fulgor no raio voluptuoso / As minhas afáveis notas de teu corpo ardente. / Não
tem como na gloriosa formosura / Não se deslumbrar a portento aos encantos... /
Encantos sublime do presente celestial.”
Pensar. Falar.
Escrever. Todas as ações a nossa volta ficam enclausurado a um dos três vocábulos.
Pode ficar só no pensamento. Pode ser manifestado pela fala. Pode ser expressado
pela escrita. Sensacional. Todos os termos têm iguais valia. Entretanto, no
fantástico mundo da caligrafia, as demonstrações das ideias através da
representação gráfica da linguagem não se perdem com o tempo. Pronto. Esse é um
dos pontos onde aspirava chegar.
Vocês devem está se perguntando: de quem é a
autoria do poema? Antes que esqueça, afirmo: é do mesmo literato que rabiscou
esse conjunto de palavras que acabara de ler.
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Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 28/10/2016 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 28/10/2016 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
Pode também ser conferido na
íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:
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