Antes que me acusem de ouvir por
trás da porta, de intrometido, curioso, vou logo avisando: não sou nenhuma
coisa nem outra, apenas presto atenção no mundo a minha volta. Explico: Eu estava
sentado na poltrona de um estabelecimento quando uma senhora que aparentava ter
em média cinquenta anos de idade chega e se fixa em um assento próximo a mim. Passados
alguns minutos, apareceu outra senhora que deveria ter em média uns cinquenta e
cinco anos e, quando viu a senhora ali no encosto dirigiu-se a ela e falou: bom
dia comadre Anastácia. A outra senhora retrucou: bom dia comadre Amélia. As
duas mulheres ficaram agasalhadas na mesma poltrona, próxima a que eu estava e travaram
o seguinte diálogo:
-
Comadre Amélia estou indo para a capital nesse final de semana, para agendar
umas consultas médicas na segunda-feira, Sophia acordou a meia noite se vendo
de dor e tive que levar ela para o hospital, foi medicada e voltamos para casa,
mas o médico disse que o caso da minha filha é de cirurgia. Explana Anastácia.
-
Mas o que foi comadre, Sophia estava se queixando de alguma dor? Vi ela ontem
no trabalho e parecia que estava bem de saúde. Interpelou Amélia.
-
Ela não estava se queixando de dor nenhuma comadre, foi de repente, o especialista
falou que pelos sintomas é cálculo renal. Finalizou a genitora.
-
É pedra no rim, comadre. Afirma Amélia.
- O próximo...
O atendente do estabelecimento chama a senha do atendimento da Dona Anastácia.
A mãe da moça
se dirigiu a mesa que seria recepcionada e a Dona Amélia continuou no assento. Liberada
pelo atendente, Dona Anastácia se despede de Dona Amélia que ainda fica no sofá
estofado até ser chamada pelo funcionário da instituição para resolver a sua
demanda.
Como
não pude deixar de ouvir, meus caros leitores, os diálogos serviram como
embasamento para o nascimento desse ensaio. Mas não fiquem apreensivos, esse
episódio já faz alguns meses, creio que Sophia deve ter passado pelos
procedimentos cirúrgico e já se recuperou dos efeitos do bisturi. Imagino que
foi apenas um pequeno susto e, como diz o ditado: já está pronta pra outra.
Digo: pronta para seguir normalmente com as suas obrigações cotidianas.
O
enredo explorado pela faculdade representativa dos pensamentos para a
construção dessa história, meus amados telespectadores, é um grão no contexto
transparente da ficção. A transcrição dos exprimes evoca uma verdade e uma mentira.
Talvez mais mentira que verdade, ou mais verdade que mentira, ou meio verdade,
meio mentira? O desenredar desse dilema ficará por conta da criação imaginaria de
cada leitor. Só posso dizer uma coisa: siga com atenção a sequência dos
acontecimentos, mantenha o senso apurado e, construa a sua própria maneira de
ver tudo que existe no plano universal.
Josselmo Batista Neres
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Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 17/11/2016 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
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Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 17/11/2016 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
Pode também ser conferido na
íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:
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