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sábado, 26 de novembro de 2016

Registro de um passado



           Verificando a caixa de mensagem, deparei-me com o correio eletrônico recebido em 18 de novembro com o seguinte título: registro de um passado. A autora do feito com as emocionantes palavras afirma: Olha só o escrito com data de... que encontrei limpando minha caixa de e-mail:           
            - Não quero mágoas, quero liberdades! Quero o que de melhor eu possa me permitir... Quero o extraordinário! Quero o suspense que o óbvio possa provocar em mim... Quero esse verbo transitivo que me provoca vontades. “O amor dá suspense ao óbvio.” Quero suspenses, quero frio na barriga, quero receio na hora de ligar e de atender. Quero devaneios, quero furacões. Talvez fosse tudo isso que quisesse sentir com você. Queria sentir meu coração palpitar mais forte como antes, com sutilezas que me enchiam de adrenalina... Queria te encontrar em um olhar como antes eu conseguia. E você foi tão sutilmente perdendo-se, em atitudes, daquele homem por quem me apaixonei. E não era culpa sua, nem minha... Como acreditamos nada acontece por acaso. Ou talvez eu tenha me perdido da mulher que era... Simplesmente eu passei a morar no teu abraço. Deixei minha solidão de lado pra me sentir desacompanhada por mim mesma, ao seu lado. Nunca pensei que alguém se perdesse em sua identidade com tantas sutilezas. Porque se eu não puder ser como eu sou com alguém, então prefiro continuar sendo... Sozinha. E isso foi me sufocando e ao mesmo tempo me mostrando o caminho... E eu estava tão cansada de mim que me esvaziava em epifanias: quem era eu na sua vida, na minha vida, na nossa história? O que tinha restado de mim depois de viver tão imersa e imensamente o nosso encontro? E onde eu caberia nos seus planos do “eu vou fazer, eu vou realizar, eu vou conseguir, eu vou viajar”? E o que EU imaginava pro meu futuro que não conjugava para “nós em laços”? Que se conjugavam em processo lento e solitário que eu precisava descobrir. E então ao subir ali pelo eixo distraído do agora... Olhando pra aquele caminho tão reto, tão óbvio, tão imponente em que pessoas caminhavam e eu pensava na gente e no que me tornei nessa história... Eu que sempre fui impulsiva, estava perdida de tudo aquilo que eu era. Quando você falou à verdade que caiu como um raio, percebi que não posso passar por cima dos meus sentimentos e emoções por ninguém... E que eu me amo, antes de amar alguém... E que tenho fé em Deus de que vou encontrar meu azul. Mas ninguém parece se aproximar de nada que eu anseio... Não em alma, em carne, em espírito. Tudo ao mesmo tempo! E eu sigo colocando defeitos... Acho que quero o amor, mas não estou preparada pro amor. E com você eu descobri que não tenho que ser compreensiva, nem me esforçar pra nada... Aprendi também que sexo com você é uma delícia... (risos)... Que conversar com você acalma, que sentir seu cheiro é trilouco e que você é tão interessante que da vontade de morder (risos)... E como diz aquela música, você não foi o meu primeiro amor, mas foi o que me marcou demais. E tudo isso ainda me toca de algum jeito e sigo a minha vida com serenidade...
            O escrito continua, com os relatos dos caminhos tortos, talvez, ou não? Por mais alguns vocábulos... E na última linha a escritora afirma: envio esse texto ao som da música “confesso” de Ana Carolina. Só vejo a mensagem na noite do domingo de 20 de novembro (dois dias depois) e confesso que diante da grandeza das palavras, fiquei supresso com  a produção outrora apreciada e, no agora, a emoção se reinventa sob uma nova medida.  

                                                                                                                                                                                                           Josselmo Batista Neres
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Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 25/11/2016 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso). 
 

Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo: www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx

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