A seca
estarrecedora no nordeste brasileiro faz com que os governos ano após ano criem
medidas emergências (e eleitoreiras), como é o caso da farra dos carros-pipa,
ao invés de compor soluções definitivas com investimentos em infraestrutura nas
regiões em estado de calamidade e implantar um sistema de desenvolvimento
sustentável para que as pessoas não necessitem tanto de ações assistencialistas,
e dessa forma, sanar ou pelo menos amenizar um dentre tantos problemas causados
ao sertanejo pela carência de chuva no sertão. Construções de cisternas, açudes
e barragens são algumas das ações utilizadas pelos governantes para diminuir o
impacto da estiagem, e a pergunta é, e se as chuvas na região não forem
suficientes para encher os reservatórios, como o ser vivo sobreviverá? E por
falar em chuva, a crise hídrica passa a ser um assunto recorrente nos
noticiários nacionais pelos poucos milímetros pluviômetro no sudeste do país, com
destaque especial para o Estado de São Paulo, que vive uma das maiores secas da
história. A falta de chuva leva a represa do Sistema Cantareira (reservatório
que é o principal fornecedor de água a população da capital paulista e regiões
metropolitanas), aos menores índices em termos percentuais da reserva já
vistos. A crise ocasionada aos cidadãos pelo agravamento da escassez de água
chama a atenção dos gestores para o problema. A maior cidade do Brasil está “à
beira do colapso”.
O governo nega
que, possa vim acontecer um apagão no abastecimento de água na grande São Paulo
e regiões que dependem do Cantareira. Contradizendo o chefe, o presidente da
Agência Nacional de Água, diz que, a crise hídrica está à beira de um caos. O
que impressiona nos informes relacionado à matéria, são as cenas do sertão em
plena terra da garoa, que mais parece à paisagem do torrão nordestino. O
Sistema Cantareira a cada dia registra quedas consecutivas e bate um recorde
histórico de índice negativo nas águas do reservatório. As autoridades estão
utilizando bombas flutuantes para captar a água que fica abaixo do nível das
comportas, o que chamam de “volume morto”, ou reserva técnica, para transportar
aos centros de tratamentos e logo após o consumidor. Uma coisa é certa, se não
chover os milímetros no período esperado, o Cantareira entrará em recessão.
Assistindo
o panorama das imagens do solo esturricado e rachado na represa em São Paulo, onde
ver um cenário de extrema sequidão em toda a volta, bateu na reminiscência
psicológica o leito da lagoa de minha infância. Até que a balbúrdia pelo baixo
nível da lagoa do Fidalgo poderia estar no mesmo patamar, mais ainda bem que os
fidalguenses não necessitam da reserva, assim como, um tanto quanto, os
paulistanos necessitam do Sistema Cantareira. No imaginário passa um filme dos
tempos invernoso com a lagoa extravasando de tão cheia, ao tempo que, na dura
realidade da pestilência, a estiagem corrói a lembrança frutífera.
Mera
comparação do sertão do nordeste com o sertão do sudeste, províncias de um
mesmo Brasil diferenciadas por características climáticas e problemas sociais.
Comparações opostas. Devida estar localizada em área que ocorre poucas chuvas
durante todo o ano, há década o efeito do estio castiga algumas regiões do
nordeste, e como já é de praxe, os noticiários já não dão tanta importância ao tema.
Setores administrativos diferentes, entretanto, a falta de planejamento e
investimento na (re)estruturação dos estados de criticidades, de forma igual, sofrem
pela falta de medidas centralizadoras. A salvação é esperar São Pedro abrir as
torneiras.
(*)
JOSSELMO BATISTA NERES
E-mail: josselmo@hotmail.com
Crônica publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 27/10/2014 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
Pode também ser conferido na íntegra na Edição
Eletrônica no endereço abaixo:
http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx
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