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domingo, 12 de outubro de 2014

Voando no asfalto


            Era sexta-feira, às 16h20min sai de Picos e segui rumo a São Miguel do Fidalgo. Fui para os festejos do padroeiro da cidade. Passei pelas cidades de Oeiras e Colônia do Piauí até chegar ao destino. A duração da viagem foi em média duas horas. À noitinha aterrissei no fidalgo. Permaneci por lá até o domingo. Às 08h00min levantei voo em direção a Simplício Mendes onde fui cumprir o convite para um almoço em louvor ao batizado de dois guris. No trajeto passei por Paes Landim. Às 08h55min estacionei o carro ao lado a Igreja matriz. Cheguei bem na hora. Fui direito para a Igreja assistir a missa e logo depois prestigiar a cerimônia religiosa dos meninos. Terminando o ritual da bênção do Padre, já era quase meio-dia, voei para a propriedade do pai dos moleques, a uns 10 km da sede do município, onde iriam acontecer os comes e bebes. O dia estava com um sol escaldante. Fiquei por lá até às 15h30min do domingo. Hora que peguei a estrada de volta a Cidade Modelo. Não pense besteira, caro leitor, bebida alcoólica não fazia parte do cardápio da festa. A mesa estava farta, churrasco rolava solto, já bebidas só água e refrigerante.   
            Admirador da vida campestre, não perdi tempo quando o fazendeiro chamou algumas pessoas, as quais estavam em uma roda de conversa (eu estava lá) para ir até o cercado. Todos já estavam saciados. O proprietário nos levou até o curral para nos mostrar algumas crias ali presas e por pouco não presenciamos o parto de uma ovelha. Quando chegamos ao redil onde se encontravam encarceradas, uma tinha acabado de parir três borregos. Os filhotes estavam no meio do sol, por sorte tinha acontecido à dádiva há alguns instantes, logo o dono as pressas correu para socorrer os filhotes. Pegou os recém-nascidos e os colocou na sombra bem ao canto do aprisco. Eram três, mas um estava morto. “Este já nasceu morte”, retrucou o criador.
            Chega a hora da despedida. Para retornar a Capital do Centro Sul eu só conhecia a rodovia que volta por Colônia do Piauí, passando por Oeiras. Pedi algumas informações sobre os atalhos e a distância dos trechos que liga Isaías Coelho, Vera Medes, Itainópolis até chegar a Picos. Jamais tinha andado por estas rodovias estaduais e se quer sabia a saída do centro urbano de Simplício Mendes para o inicio da via asfáltica que liga aos municípios. Fui orientado da seguinte forma: “Você pegar esse trecho da 020 (BR 020) quando chegar lá no posto (posto de combustíveis), ao invés de pegar a rua que sai na igreja que vai para Oeiras, você segui direto, ai é só segui, não tem outro asfalto, só lá nos morro tem o asfalto que vai para Campinas (Campinas do Piauí) e chegando no Samambaia já perto de Picos segue a esquerda, a BR a direita vai para Jaicós, Paulistana”. Pronto, o mapa do itinerário já estava fixado na cachola. Outra pessoa que estava ouvido àqueles ensinamentos retrucou: “Eu prefiro andar por Oeiras, o tempo que gasta indo por Isaías Coelho é o mesmo indo por Oeiras, pois por Isaías Coelho tem muita curva e de Itainópolis pra lá tem uns buraquinhos, mas diminui uns 60 km”.  
Com um ar de aventureiro e querendo conhecer o desconhecido, resolvi encarar a rota nunca dantes percorrida. Não me arrependi. Apreciei as paisagens que da vida aquele sertão e ao mesmo tempo desbravei o caminho que nunca tinha trilhado. A viagem foi tranquila. Às 17h30min pousei na Capital do Mel. Passado uma semana da peregrinação, sentado na escrivaninha, os pensamentos ficaram pertinentes aos vocábulos: ‘pra onde fui e por onde voltei’. Logo comecei a escrever esta crônica que você acabara de ler. Se é que não começaste pelo fim.

 (*) JOSSELMO BATISTA NERES
E-mail: josselmo@hotmail.com



Crônica publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 12/10/2014 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:
http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx

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