A paisagem do sertão na maior parte do ano carrega as cores
dramáticas da aridez. Em uma vasta parte das regiões brasileira na época da
estiagem, as árvores são cinzentas, retorcida e com poucas folhas nos galhos. Alguns
autores de diversas épocas se atreveram a narrar por diversos gêneros
literários à tragédia da seca no Brasil, e o fizeram muito bem. Não que o tema alusivo
servisse de inspiração para o criador pegar a pena e começar a desenhar os seus
escritos, mas a sede de retratar o incômodo inerente, mesmo que a manifestação
da real situação do torrão fosse ao molde da estrutura de obra de ficção. O
material literário mesmo tendo títulos bastante antigos, o tema é atual, e a
intenção dos ensaístas era, e ainda é, chamar a atenção do governo que faz
vistas grossas à problemática pertinente, e nas entrelinhas, proclamar a
elaboração de um plano de ação que deve ser feito ao longo prazo para amenizar os
efeitos devastadores da falta prolongada da chuva e impor alternativas para atenuar
os efeitos catástrofes.
As obras literárias “Ataliba, O vaqueiro”, do piauiense
Francisco Gil Castelo Branco, tida pelos críticos literários como o primeiro autor
a levantar a bandeira ao expor a problemática da seca no nordeste brasileiro; “A
Bagaceira”, de José Américo de Almeida; “Luzia Homem”, de Domingos Oliveira; “Aves
de Arribação”, de Antonio Sales; “O Quinze”, de Rachel de Queiroz; “Vidas Secas”,
de Graciliano Ramos; “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa; “Os Sertões”,
de Euclides da Cunha; “Sertão”, de Coelho Neto, dentre outros, descrevem enfaticamente
as cores dramáticas do interior do país, assim como, as questões sociais significativas
e as calamidades que assola as regiões de extrema sequidão, tão presente no
cenário de convívio do sertanejo.
A temática da seca nos romances literárias, não é usada
apenas como pano de fundo para encenar as histórias, mas para recontar as reais
situações da vida do camponês, e mesmo os relatos estejam nas páginas de obras
de ficção, existe uma preocupação dos escritores de reproduzir a imagem da
sociedade com as cores peculiar da região concernente. As passagens da
ambientação, os relatados da falta de chuva, da aridez do solo, a fome, as
mortes, o abandono da terra pelo proprietário pela falta de perspectiva, o
sofrimentos dos imigrantes, todas essas questões é um tema bem real para muitas
pessoas que vivem no sertão, pois interferi literalmente no ciclo de suas vidas.
O leitor pode até imaginar que o cenário das regiões brasileiras realçado pelos
efeitos do verão é representado por seca e miséria. Não que também não seja, mas
existe o outro lado da moeda, no entanto, em um dos lados ano após ano o estio vem
castigando o sertão.
A seca em algumas regiões contada nos títulos de inúmeros impressos,
além de nos possibilitar conhecer uma parte da historiografia do nosso povo, são
documentos riquíssimos em detalhes. A consequência da estiagem é triste, mas as
obras mostram o alto valor da literatura, a mistura de ideais dos personagens...
E no jogo poético dos termos, buscam sensibilizar as autoridades no que tange a
elaboração de projetos eficazes em combate à seca. Essa é a forma de vida do
sertanejo fotografada nas próprias cores.
(*) JOSSELMO BATISTA
NERES
E-mail: josselmo@hotmail.com
Crônica publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 05/09/2014 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
Pode também ser conferido na íntegra na Edição
Eletrônica no endereço abaixo:
http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx
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