No bem-aventurado
município de Picos, fincado no sudeste piauiense, nasceu em setembro de 1933 o
professor, político, poeta, escritor, membro da Academia de Letras da Região de
Picos, Inácio Baldoino de Barros,
autor das obras “Meus Cantares” (1995) e, “Olhares e Cantares” (2012). Inácio
Baldoino é um nome que sempre esteve ligado à educação, a cultura e a política
picoense, onde exerceu o mandato de vereador por quatro vezes no período de
1983 a 2000, chegando a ser presidente da Câmara Municipal de Picos.
Em excelência
intelectual, o notável professor Inácio como é conhecido, registrou com belas
palavras em versos brancos e livres a expressão translúcida dos sentimentos e,
afirma que “assim como o girassol segue a luz do sol, ele sempre seguirá a luz
do conhecimento”. Sabiamente no poema “Reflexão” impresso nas páginas do livro
“Olhares e Cantares”, o autor em momento sublime assegura: “Sou poeta, não sou
cantor / Conheço a rima, não uso a lira / Em versos dedilho o amor / O canto
que minh’alma inspira”. O escrito com quatorze versos prossegue na estrutura de
dois quartetos e dois tercetos em organização semelhante ao soneto. É de uma venustidade
incomum.
A arte do bem
viver gravado nas produções do professor Inácio é uma verdade promulgada. É uma
exatidão límpida divulgada. Em textos com temáticas variadas, o nobre mestre
aborda a figura do vaqueiro, o sertanejo, a seca, a desigualdade, a fome, as
curvas fascinante do corpo da mulher, enfim, canta em prova e verso o mundo a
sua volta. Em meio ao poema “O preço da liberdade” o docente de bela escrita
relata o contratempo árduo dos tempos idos e certifica: “A liberdade não pode
ser outorgada / Sem base fundada na democracia / Pois ela tem de ser
conquistada / Pela suprema vontade da maioria”. O autor picoense reinventa a
realidade do cotidiano simples e busca no fulgor das circunstâncias a
materialização da vida. Em vocábulos sensatos, cheios de sensibilidades e
lapidados com palavras de pura alma, Inácio Baldoino dar autenticidade o seu
lugar na existência.
O literato piripiriense, José Newton de Freitas
(1920-1940), considerado como o introdutor do modernismo no Piauí, que, posto
tenha empreendido tão jovem a grande viagem, esculpiu sob a benção dos deuses o
poema “O caminho”, onde no limiar da sua genialidade proclama o seguinte
chamamento: “vinde a mim todos vós que sois humanos. / Vinde. Eu vos ensinarei
o catecismo da fraternidade. / Vinde, ó meus irmãos! Meus braços ficarão do
tamanho / do mundo para um amplexo cordial. Eu vos abraçarei em espírito”. O
poema continua meus caros leitores, recomendo a leitura dos versos até o final.
O poeta é um
operário autêntico de percepções físicas; é um ser insatisfeito e procura
misturar letras em palavras na busca da essência perfeita; é um ser de luz que reinventa
a forma inalcançável. Parafraseando a poetiza Cora Carolina, o poeta sofre as
dores que não sentiu; enxuga as lágrimas que não chorou e, não se resume
somente nas palavras que escreve. As verdades não são absolutas, porém as trovas
dos poetas supracitados representa a imagem fiel da pureza sensata das emoções;
é o retrato permanente de uma realidade existente; é a personificação da
consciência em sensações adversas, intensas e contundentes.
Saúdo o canto dos poetas na beatitude plena. Os poemas
são de um significado magnífico. Na reflexão do caminho dos insofridos
corações, os poetas eternizam os sentimentos a as emoções em meio às batidas do
coração e, suplantam as agruras do corpo e da alma. Diante
do inesperado jogo de palavras percebo uma voz ao fundo do espectador sussurrando:
“para que serve toda a citação poética? Te direi, Leitor, mas diga-me primeiro
para que serve a realidade.”
Josselmo Batista Neres
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Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 05/04/2018
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Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 05/04/2018
na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
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