Reza o
Dicionário Aurélio que o verbete ironia é a “expressão ou gesto que dá a
entender, em determinado contexto, o contrário ou algo diferente do que
significa; sarcasmo; acontecimento ou resultado totalmente diferente do que
eram as expectativas”. Pois bem, o mundo teria muito mais paz se não fosse lançada
zombaria de forma tão brutal e devastadora em meio aos povos. Um exemplo claro
é o que faz o jornal semanal satírico francês Charlie Hebdo, ao polemizar
em suas publicações desenhos cômicos que criticam a cultura de alguns países,
principalmente a da Síria e a do Iraque.
As
caricaturas do Charlie Hebdo se posicionam criticamente em relação à religião, a
imigração e, sobretudo a forma de vida dos muçulmanos. O semanário prega a
liberdade de expressão e luta pelo “direito de cartunistas, desenhistas ou
redatores de revistas satíricas de fazerem piadas da forma que quiserem e sobre
o que bem lhes interessar”, afirma o jornalista Roberto Almeida.
Muitas charges impressas nos jornais satíricos são direcionadas aos
extremistas islâmicos, onde usam a caricatura do profeta Maomé, por
exemplo, de maneira desconcertante, para atingir a cultura e a religião dos maometanos.
Ironia que mata. É um preço muito alto que se paga na busca pela liberdade de
expressão.
Tudo
é uma questão de ponto de vista de, como os extremistas veem o seu Deus e a
forma como os caricaturistas veem a liberdade ao fazerem as caçoadas grosseiras.
Tudo é uma questão de cultura entre as nações. Tudo é uma questão de um querer
se expressar e o outro não querer a forma como é imposta a liberdade da
expressão. No meio dessa contenda muitos inocentes são alvos de massacres
aterrorizadores.
Tendo como base
que toda moeda tem dois lados, toda história tem duas versões. Diante do
exposto avaliemos o raciocínio: temos um ente muito querido, um Deus aos nossos
olhos, pronto, vamos comparar como se fosse um filho. Caro leitor, qual seria a
sua reação ao vê à pessoa ou o Deus que você venera ser chacoteada com piadas
de mau gosto e, a gravura da imagem reproduzida de forma distorcida e em
posições inconvenientes mostradas para todo o mundo? Na verdade é uma questão
bastante complexa e gera muitas discussões.
O que deveria ser
sinônimo de humor, as reproduções de imagens malfeitas são vistas pelo Estado Islâmico
como uma afronta a seu Deus e ao seu povo. Acreditar em uma ou na outra versão
antes da imposta pela mídia, cabe muita pesquisa e reflexão do tema em voga. Isso
até parece briga entre jovens em que um coloca apelido no outro e quanto mais o
apelidado se zanga, mais pessoas tende a apelidá-lo. Nos tempos modernos isso
se chama bullying, o que os
especialistas descrevem como “atos de violência física ou psicológica,
intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos
causando dor e angústia” ao outro ser.
Toda
ação gera uma reação. É a famosa lei do retorno. Darei-te de volta o que você me
dará. No meio de todo o burburinho esta o cidadão que não tem nada haver com a história.
E na maioria das vezes é quem paga pelo ódio plantado nas almas dos homens. Uma
coisa é certa. Nada justifica tamanha atrocidade que um povo lança sobre o
outro. Quem esta certo nessa briga? Não olhe pra mim meu caro leitor, mas caso
você saiba me conte.
JOSSELMO BATISTA NERES
E-mail: josselmo@hotmail.comCrônica publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 10/12/2015 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:
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