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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Os dois lados da moeda


            Reza o Dicionário Aurélio que o verbete ironia é a “expressão ou gesto que dá a entender, em determinado contexto, o contrário ou algo diferente do que significa; sarcasmo; acontecimento ou resultado totalmente diferente do que eram as expectativas”. Pois bem, o mundo teria muito mais paz se não fosse lançada zombaria de forma tão brutal e devastadora em meio aos povos. Um exemplo claro é o que faz o jornal semanal satírico francês Charlie Hebdo, ao polemizar em suas publicações desenhos cômicos que criticam a cultura de alguns países, principalmente a da Síria e a do Iraque.
          As caricaturas do Charlie Hebdo se posicionam criticamente em relação à religião, a imigração e, sobretudo a forma de vida dos muçulmanos. O semanário prega a liberdade de expressão e luta pelo “direito de cartunistas, desenhistas ou redatores de revistas satíricas de fazerem piadas da forma que quiserem e sobre o que bem lhes interessar”, afirma o jornalista Roberto Almeida.
          Muitas charges impressas nos jornais satíricos são direcionadas aos extremistas islâmicos, onde usam a caricatura do profeta Maomé, por exemplo, de maneira desconcertante, para atingir a cultura e a religião dos maometanos. Ironia que mata. É um preço muito alto que se paga na busca pela liberdade de expressão.
         Tudo é uma questão de ponto de vista de, como os extremistas veem o seu Deus e a forma como os caricaturistas veem a liberdade ao fazerem as caçoadas grosseiras. Tudo é uma questão de cultura entre as nações. Tudo é uma questão de um querer se expressar e o outro não querer a forma como é imposta a liberdade da expressão. No meio dessa contenda muitos inocentes são alvos de massacres aterrorizadores.
Tendo como base que toda moeda tem dois lados, toda história tem duas versões. Diante do exposto avaliemos o raciocínio: temos um ente muito querido, um Deus aos nossos olhos, pronto, vamos comparar como se fosse um filho. Caro leitor, qual seria a sua reação ao vê à pessoa ou o Deus que você venera ser chacoteada com piadas de mau gosto e, a gravura da imagem reproduzida de forma distorcida e em posições inconvenientes mostradas para todo o mundo? Na verdade é uma questão bastante complexa e gera muitas discussões.
O que deveria ser sinônimo de humor, as reproduções de imagens malfeitas são vistas pelo Estado Islâmico como uma afronta a seu Deus e ao seu povo. Acreditar em uma ou na outra versão antes da imposta pela mídia, cabe muita pesquisa e reflexão do tema em voga. Isso até parece briga entre jovens em que um coloca apelido no outro e quanto mais o apelidado se zanga, mais pessoas tende a apelidá-lo. Nos tempos modernos isso se chama bullying, o que os especialistas descrevem como “atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos causando dor e angústia” ao outro ser.
            Toda ação gera uma reação. É a famosa lei do retorno. Darei-te de volta o que você me dará. No meio de todo o burburinho esta o cidadão que não tem nada haver com a história. E na maioria das vezes é quem paga pelo ódio plantado nas almas dos homens. Uma coisa é certa. Nada justifica tamanha atrocidade que um povo lança sobre o outro. Quem esta certo nessa briga? Não olhe pra mim meu caro leitor, mas caso você saiba me conte.    

                                 JOSSELMO BATISTA NERES
                                                                        E-mail: josselmo@hotmail.com

 Crônica publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 10/12/2015 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso). 
Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo: 
 

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