Sem
diálogo a última escolha é abandonar o mundo em que vivo e retornar para a
realidade. Não saúdo a vida com pranto. Prefiro o silêncio ao falatório
desajustado. Prefiro as palavras harmônicas, doces e suaves ao invés das que
trazem o fervor emblemático, estas sim, ficam impregnadas na alma e é transbordante
de compaixão. Quando o sentimento é para fora, externo, bate e volta, ou seja, não
deixa abater-se com as palavras pejorativas cheias de sensibilidades e nem
altera a forma transparente de encarar o viver, a pessoa tem no corpo uma
proteção natural como se fosse um escudo para rebater as atrocidades. Entretanto,
se o sentimento for para dentro o efeito das palavras é internalizado na alma
de uma forma crua e violenta. Mesmo que queira controlar a programação do
cérebro e bloquear a funcionalidade indesejada dificilmente vai conseguir e o
resultado é o redemoinho de pensamentos nefasto. A esportiva não funciona. A
emoção passa a ser a razão e a essa altura o que bateu no coração subiu ao
juízo com um efeito enérgico e corrosivo.
Quando por vezes algum dito é
internalizado, os pensamentos ficam em reboliço à luz do dia. Já na calmaria da
noite, sozinho, quieto ao canto, os miolos ficam em guerra e quando chega à
hora de repousar que coloca a cabeça no travesseiro para cair no sono e moderar
por um instante a impressionabilidade corrosiva que afronta as ideias e
consegue dormir chega o sonho aflitivo e extremamente desagradável produzido
pelo efeito da opressão das palavras. Os impulsos frenéticos voltam a reinar.
Para esquecer os desvios da
imaginação que vez por outra vêm de encontro, alguns se ocupa conversando com
um amigo e/ou amiga, sentam-se em um restaurante ou em um barzinho para beber
uma cerveja e trocar algumas palavras de consolação conforme a ambientação do
momento, ao invés de ficar tentando escrever a sensibilidade do fervor
emblemático preso na alma ao qual nem ela mesma entende e ainda vai correr o
risco de alguém ler e dizer que o escrito é leviano. Não importa, é a expressão
da própria vida. Para quem usa o papel e caneta para o ofício, não excluindo os
que usam a nobreza da tecnologia, essa é a maneira de acalentar o ânimo. Preso na
loucura em raras exceções é melhor distrair-se com a caneta misturando letras
do que sair por ai jogando palavras ao vento. Cada um tem a sua forma
particular de pensar e de agir. Pode não ajudar em nada, pode não ser inovador
e nem acrescentar patavina no seio da vida com tais termo, todavia, vamos
combinar uma coisa, caro leitor, te falo baixinho, essas palavras são um
tratado para curar os desvios que existem no descontrole emocional e afagar o
espaço vazio que estar além dos pensamentos, no entanto, é a forma de manter-se
vivo e fora dos freelance dos momentos inoportunos que se desprendem da lucidez
e mergulha na loucura.
Quando o sentimento é internalizado
o uso de mascara para esconder-se da verdade empanada na real situação que
beira o momento é bola fora da rede. Fingir também não funciona, é melhor ser
igual a você mesmo. Não disfarce, não dissimule no rosto o que não sinta no
coração, coloque para fora o sentimento traiçoeiro preso na alma.
(*) JOSSELMO BATISTA
NERES é funcionário do Banco do Brasil
E-mail: josselmo@hotmail.com
Crônica publicada no Jornal Diário do
Povo do Piauí em 26/07/2014 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:
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