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quinta-feira, 1 de maio de 2014

País do futebol


            O Brasil vai jogar a final da Copa do Mundo no Maracanã contra a Argentina e será campeão com um gol do paraibano Givanildo aos quarenta e seis minutos do segundo tempo. Sim, o gol que vai dar a vitória ao Brasil é do nordestino mais conhecido como Hulk. Na euforia da comemoração do Brasil campeão do mundo, por um instante os problemas pela ingerência dos governantes vão ser esquecidos e lembraremos apenas que a competição esportiva trouxe para a nação visibilidade, benefícios com obras estruturantes para assegurar o espetáculo, a vinda de turistas de diversas partes do mundo para prestigiar o evento, o volume da movimentação financeira, além da alegria e comoção nacional com todo o patriotismo preso no peito em ter visto a seleção fazendo bonito dentro de campo. Nada conta, a festa é linda e necessária. O lado ruim da história é que o divertimento só vai durar 32 dias.
            Recentemente acompanhamos as manifestações espalhados pelo país afora com protestos contra os gastos da Copa do Mundo e em uma nota assinada por uma das organizações de um movimento acontecido em São Paulo foi abordado entre outros tópicos à seguinte questão: “os gastos bilionários na construção dos estádios não melhoram a vida da população, apenas retiram investimentos de direitos sociais”. Deixando de lado à precariedade dos hospitais, dos colégios, dos sistemas presidiários, da má condição de muitos trechos de estradas, da falta de projetos estruturante para melhorar a mobilidade urbana, da falta de construção e melhoria de aeroportos, de portos marítimos e estradas de ferros para escoação da produção brasileira... O mais tudo vai muito bem.  
            A alegria de ter o Brasil sediando a Copa do Mundo é contagiante e incontestável. Entretanto, os estádios de futebol que acontecerão os jogos ficam nos grandes centros e alguns deles sem muita tradição no futebol e passando o período da Copa o campo estará fadado a se tornar “elefante branco.” É lógico que para acontecer os jogos é necessário ter uma boa estrutura para o espetáculo, isso é um fato. O que se questiona é o volume de dinheiro público investido em uma única arena onde, no entanto, devido aos subfaturamentos das obras o valor dos desvios daria para ser construído outro palco futebolístico ou vários hospitais e colégios com o montante surrupiado. Um verdadeiro desperdício. Cabe lembrar que quem paga a conta é o povo com a carga pesada de impostos e muitos se querem vão ter uma televisão para assistir aos jogos da Copa do Mundo, outros vão ter o aparelho mais a energia vai estar cortada por falta de pagamento porque o salário do mês só deu para os mantimentos e o remédio.
            O país do futebol também é o da corrupção, dos desvios de verbas públicas que deveria ser lançado em beneficio do povo ao invés do bolso dos larápios; é o país dos amontoados de enfermos nos corredores dos hospitais públicos pela falta de mais centros de tratamentos e infra-estrutura necessária para o bom atendimento; é o país da falta de prédios escolares, assistência e condições mínimas adequadas de funcionamento um tanto quanto para o discente como para o docente da rede pública. Brasil Hexacampeão Mundial de Futebol. Até quando a alegria do título vai enganar os problemas que a sociedade brasileira enfrenta?

(*) JOSSELMO BATISTA NERES
E-mail: josselmo@hotmail.com
Crônica publicada no Jornal Diário do Povo do Piauí em 01/05/2014 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).

Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:

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http://www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx

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