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quarta-feira, 6 de março de 2013

Clarice Lispector



           Desde quando descobri os escritos de Clarice Lispector fiquei fascinado pelos conteúdos carregados de pura alma. Há algum tempo li o livro A Hora da Estrela e no momento estou viajando pelas páginas do livro Laços de Família.  Encantei-me com a narrativa da autora. Tem uma síntese perfeita, algo incomum e inconfundível. Os escritos de Clarice têm uma forma impar e um tanto quanto sedutor, faz o leitor deleitar com as suas narrativas. Aprisionei-me completamente nas palavras, frases e ditos da autora. Identifiquei-me completamente, até parece que quem escreveu foi eu.
        
            A frase “sou tão misteriosa que não me entendo”. Encaixa perfeitamente, caiu como uma luva. Por vezes é como se estivesse vivendo em um grande mistério e em pura dúvida... Como posso ver nos textos de Clarice aquilo que sou eu? Clarice escrevia o que era. Procuro nas palavras às vezes um tanto quanto Clarice, não com o mesmo teor em genialidade que brota em cada texto da autora, ela era uma verdadeira mestra na arte de escrever. Não tenho esse dom. Quem mim dera ter sido presenteado com a verdadeira magia plantada na alma. Apenas procuro alimentar a necessidade de minha alma, a desvendar o mistério e a dúvida pressa em forma bruta. Assim como Clarice: "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
           
             Eu sou assim, penso assim, mim sinto assim. Clarice Lispector disse em certa passagem "Eu não escrevo o que quero, escrevo o que sou..." Palavras de pura alma. O coração esculpido em serenidade. Nos escritos de mim vejo, um tanto quanto meio a meio, como forma de desabafo, de protesto, de indignação, para suprir as necessidades da alma, para alimentar as alegrias e sanar o instante vazio. No poema Motivo Clarice canta: “Eu canto porque o instante existe / e a minha vida está completa/. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta”.
           
            Clarice em inspiração profunda e diante dos olhos de quem a ler, canta o momento, a vida por inteiro, a condição humana. Tem em seus textos o uso constate de metáforas usadas como forma de desabafo como faz um poeta aos quatros cantos ao vento na flor da pele exigindo insistentemente a compreensão do leitor.
           

                                                                                                                                Josselmo Batista

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