00:00:00

quinta-feira, 18 de maio de 2017

O outro lado da lucidez



           Noite de sexta-feira, três de dezembro, faltando vinte e oito dias para o inicio do ano de dois mil e onze. O espaço do tempo presente emergiu em um enigmático brilho triunfante. Pisando as terras da circunscrição administrativa de Bocaina, a pulsação inerente passava e se perdia no denso negrume. Logo após, principia sábado, dia quatro, fazendo valer o período de transição até o antemanhã despontar.
Estava sendo comemorado no território supradito que fica no sudeste piauiense, os festejos de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade e, o agito no clube da cidade era por conta de Toca do Vale. Forró do bom. O recinto estava lotado e as bebidas que eram para serem geladas, naquela altura estavam só o caldo. Mas no momento, com raras exceções, pouco importava.
Na chegada, ao entrar no salão do arrasta-pé, muitas pessoas conhecidas, inclusive amizades bacanas e camaradas, se é que você entende, meu caro leitor. Sim, é exatamente o que você esta pensado, mulheres a bel prazer. Junto com os colegas, adentrei no compartimento da festa e, logo todos se misturaram em meio à multidão. O forró estava danado de bom. Arrochado só massa em prensa. Parado ninguém ficava, era um vai e vem pra lá e pra cá. A aglomeração ficava zanzando dentro do galpão, como se estivesse perdido, mas sem querer encontrar o caminho. No entanto, isso não era nenhum problema, já que, para quem está sem rumo, o rumo certo é o que está sendo seguindo. O relógio avançava no tic tac e todos, ou pelo menos alguns, bebiam, dançavam, beijavam... A situação presente prometia um final de festa em aconchego.
Este que ortografa, andava a procura do nada, ou do tudo? De tanto ir e vir depara no meio do salão com um velho conhecido ao lado de uma esbelta morena e, ao cumprimentá-lo indicou para outra linda garota que estava em pé sentada no encosto de uma cadeira. Abraçado com a moça e sem querer que as jovens percebessem, fez um sinal afirmando que a girl que se firmava na cadeira estava sozinha e fez um gesto para que a coloca-se na mira. Ora, não deu outra. A senhorita foi puxada e entrelaçada nos braços sem lhe pedir licença e, um beijo foi dado. E acreditem, beijo correspondido. O regozijo estava recomeçando com magnificência. Na ocasião do tempo breve já estava mais pra lá do que pra cá. Mas consciente do ato do então. Não. Ora não, leitor, se não, não estava aqui narrando os fatos.
            A patuscada aproxima-se do fim e a aurora já ameaçava clarear o dia. Chega o momento de percorrer 22 km para retornar para casa, em Picos e, naquele instante a sós com a pretendente, ela se despede da amiga com quem tinha ido para a festa e, resolve acompanhar este no caminha da volta. Deixe de ter a mente poluída, leitor, não aconteceu nada além de beijos. A viagem foi dentro da normalidade, tranquila. Regressando, o dia já quase límpido, a garota foi deixada na porta do seu apartamento.
Agora vou confessar uma coisa, passa loucura na cabeça de algumas mulheres. Pouco tempo juntos e a moça já quis seguir acompanhada de uma pessoa que acabará de conhecer. Um estanho. E olha que a uma distância razoável e passando por um trecho de estrada deserta e em pleno dilúculo. Os noticiários informam muitos casos dessa natureza. Porém, estava com sorte à menina, não estava com uma pessoa de mau caráter. Assim creio! Chegou sã e salva ao seu destino final e com o coração transbordando de amor. Imagino. Antes da despedida daquele primeiro momento, os números dos celulares foram trocados para futuros contatos.
No calor da emoção foi combinado este de ligar em certo horário do sábado, para reverem-se, conversar. No entanto, foi não dada à importância merecida e o primeiro diálogo combinado não aconteceu. A retomada da reaproximação veio ocorrer, um dia depois, no domingo, às vinte horas por iniciativa da garota, e se estendeu por alguns anos, mas esse é o outro lado da lucidez, outro assunto para uma nova ficção de mentira.
                                                                                Josselmo Batista Neres                ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em17/05/2017 
na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).
 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

domingo, 2 de abril de 2017

Espelho da consciência

          
              A cada encontro e a cada conversa as relações entre as pessoas vão se estreitando. Um passa, a saber, mais sobre as manias, as rotinas, as amizades, os locais frequentados e tudo o quanto. Umas ideias vão ao encontro, outras de encontro. Normal, o debate aprimora as concepções do ser humano. Os pensamentos surgem, o conhecimento enobrece, as emoções se afloram. A discussão entre duas ou mais pessoas sobre determinado assunto, deve servir (ou deveria) para o amadurecimento e o engrandecimento do juízo. A regra é: tirar o melhor na essência da contenda e incorporar o lado bom ao nosso aprendizado.
            Quando duas pessoas têm opiniões diferentes sobre algo, aconselha-se juntar os conceitos e formar um parecer ainda melhor. Todo ser humano tem os seus momentos de turbulência e, em algumas vezes não falamos dos momentos bons, não enaltecemos a vida e nem agradecemos pela existência. Na maioria das vezes um pequeno descasamento de ponto de vista gera uma discussão infindável e, no meio do redemoinho temos a tendência de relembrar os acontecimentos ruins, para a situação se tornar pior ainda no instante inerente. É como cutucar uma ferida cicatrizada e trazer de volta a dor que o outro no outrora sentiu.
Incompreensões acontecem. Raríssimas vezes relembramos o que foi bom com a mesma frequência como relembramos o ruim. O lado irrequieto acontece geralmente quando estamos com raiva, como se quisesse tornar o ambiente ainda mais insípido. Uma vez praticando o reflexo do espelho da consciência, o trato que tem que existir entre os seres humanos é: diálogo, compreensão, respeito, amor na convivência e, sem sobra de dúvida, companheirismo. Todos nós temos qualidades e defeitos. Ninguém é perfeito. Somos seres pensantes. Subsistimos carregados de sentimentos e com a emoção à flor da pele. A razão nem sempre prevalece.  
            Nas comunicações interpessoais é preciso saber falar e também ter a sapiência em ouvir, sem entendimento, não chegaremos a lugar algum. Chato é você começar a expor suas ideias e ser interrompido na metade do seu encadeamento lógico. Incômodo é ser incompreendido antes da conclusão da exposição do raciocínio. Todavia, como ser compreendido se as partes não falam e nem foram ouvidas. Complicado né? A interação comunicativa é primordial em qualquer situação.  
            Outro ponto indispensável na convivência, às vezes, é não termos o hábito de elogiar e, nem de dar os parabéns merecidos no momento oportuno. Em pouquíssimas vezes olhamos para trás e reconhecemos os nossos equívocos. Certificar dos nossos erros, talvez, seja o princípio para uma pessoa ser tornar melhor. Ter humildade na alma e bom senso no coração, provavelmente, seja a chave para encurtar o percurso. Sem isso é chorar em pé-de-cova para o defunto levantar, é fazer oração sem fé. Não chegará a lugar algum. Ou chega? Não existe o meu jeito e o seu jeito, existe as diferenças convencionais. A vida tem que ser seguida com harmonia, diplomacia... e, contemplar o lado positivo e o negativo para gerar a combustão necessária para a caminhada 
            Nos encontros e desencontros. Nos embalos e desembalo. A vida sempre, ou quase sempre? Segue o seu percurso. Diante do supramencionado, não vamos esquecer do nosso Deus. Temos que ficar sempre firme ao lado do nosso superior e, pedir que nos guie no caminho da luz, sempre. Em meio ao tudo, a vivência influência o meio. Vamos em frente. Depois da noite escura, nasce um brilhante amanhã.  

                                                                                                                                                                                                                                                        Josselmo Batista Neres
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 28/03/2017 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).    


Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

terça-feira, 14 de março de 2017

Gratidão: O sentimento que mais aproxima o homem de Deus



             Observando, adjetivando, interpretando, informando, alertando, apaziguando... a vida segue a sua forma continua e, com a mão na pena do ofício, o ser de alma saltitante tende a contribuir com a construção plena da elevação da consciência humana. As palavras é uma arma de tiro certo ao juízo da ignorância. Adestra, transforma e ilumina a mente do homem de sentimento remoto e o avizinha a Deus.
Pois bem, vamos continuar a qualificar e, registrar o ontem hoje para o amanhã ser mais brilhante. Se os processos das expressões das ideias seguem este curso, vamos adiante. Que as cortinas se abram ao grande publico e o tiro seja certeiro ao ser de gratidão pífia.
Nos corredores de um burocrático órgão público, por está sentado em uma poltrona bem ao lado, este cronista presenciou o colóquio entre dois senhores. Não tive como abster de ouvir a conversa, motivo que, já estava ali quando os personagens chegaram, sentaram e travaram a interação. No inicio dos diálogos logo deu para observar que um dos senhores atendia pelo nome de Heitor e o outro por Joaquim.
            Em meio à reciprocidade dos interlocutores, uma parte da palestra chamou a atenção, talvez por ser um assunto corriqueiro ou, por ser um tema bastante comum quando se trata de políticos no Brasil. Mas vamos ao que interessa. Conversa vai, conversa vem, os dois indivíduos começaram a fazer as seguintes explanações:
            - Compadre o seu candidato a prefeito que você estava apoiando ganhou? Indaga Joaquim.
            - Ganhou sim, compadre. Retruca Heitor
            - O compadre está participando da administração? Ganhou algum cargo na prefeitura? Indicou alguém para algum emprego? Interpela Joaquim.
            - Até o momento não, compadre. Fiz um pré-acordo com o prefeito antes da eleição para arrumar uma colocação na prefeitura para duas pessoas que me demandaram tamanha confiança, mas ficou só em promessas e está nisso. E não é por falta de cobrança. Argumenta Heitor.
            - Até onde acompanhei, notei que o compadre estava bem engajado na campanha e, ajudando no que podia na maratona junto com o grupo político rumo à prefeitura. Explana Joaquim.
            - Pois é compadre, gratidão ficou para poucos. Concluiu Heitor.
           Pelos subsídios das informações tudo indica que o candidato já era prefeito e estava disputando a reeleição. No entanto, dentre as conversações, o que mais chamou a atenção foi quando o vocábulo gratidão foi pronunciado, o termo imediatamente internalizou. Logo veio em mente o poeta, dramaturgo, novelista, considerado um dos maiores escritores da literatura espanhola e, conhecido mundialmente pela obra Dom Quixote de La Mancha, Miguel de Cervantes, que na sua engenhosidade ortografou: “a gratidão é o sentimento que mais aproxima o homem de Deus”.
            A verdade é que, o reconhecimento não tem como ser contestado. É colocar em prática o uso da consciência. É uma demonstração de sanidade. É a expressão pura da alma... Entretanto, para muitos deve ser uma tarefa árdua e, se for do meio político, então, é que não existe mesmo qualquer atributo de decência, com raras exceções. Portanto, a gratidão, a ética e a lisura na condução das ações para com o próximo, pelas vias da pluralidade, seguem as regras dos atos insanos.

                                                                                                                                                                                                                                           Josselmo Batista Neres
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 14/03/2017 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).    

Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


domingo, 5 de março de 2017

A voz do coração



Aflora em mim as crenças que alentei no outrora.
Li na leveza dos olhos teus o amor, o insubstituível,
Inigualável e supremo franco afetivo sentimento.
Eis um encantamento dos céus, estrela sublime,
Luz serena de estonteante beleza, presente divino.

                                                                                                      ///Josselmo Batista Neres

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Soberana ocasião


           “Você é um dos caras mais influente da cidade, entendeu? O cara mais culto que tem na nossa região no momento está sendo você...” Modéstia de um conterrâneo fidalguense dentre os da minha meia dúzia de telespectadores, espalhados por esse chão de meu Deus. Agradecido pelas palavras.  Mesmo não chegando a tanto, fiquei radiante. A força dos aplausos embevece.  
            Sentar no trono em frente a maquina de escrever e garatujar sobre os pormenores de ocasiões solenes, talvez, seja a minha sina. Registrar e dá cores ao tempo, é uma premência indispensável. As palavras clareiam à densa escuridão. A narrativa atende o chamamento de uma secreta razão.
            Não me pergunte o valor de um raconto concluído. A moeda é uma mera particularidade. A sensação soberana é única. A importância do resultado da ação que uma sucessão de fatos terá hoje ou no amanhã é o que menos importa. Mas essa é outra história. A opinião do leitor, essas, todas são bem vindas, sem exceção. O fortalecimento nasce de um pequeno detalhe. Uns leitores louvam, outros putrefazem. Lembro o poeta Augusto dos Anjos e a sua poesia da transgressão, causando repulsa no grande publico da época. Com um único livro lançado em vida, chamado “Eu”, é um exemplo de originalidade. As ácidas críticas destrutivas? Talvez. Foi avassaladora com a maneira de o poeta fazer poesia. O reconhecimento triunfante da sua obra por meios literário só veio alguns anos após o seu falecimento. Anos depois da morte do autor supracitado, ouve a organização de uma nova edição, intitulada de “Eu e Outras Poesias” incluindo poemas inéditos. Além da obra assinalada anterior, outros títulos postumamente fora organizados e atribuídos ao escritor. 
            O exemplo supramencionado no parágrafo anterior mostra a soberania do poder das letras embaralhadas. O labor do alto do trono é estritamente consciente, creio. Se for agradar ou não ao público, este, se não for uma demanda feita por encomenda, não interessa quem vai bater palmas ou quem vai jogar pedras. O preenchimento da conveniência é o que aufere. O imaginário alheio pouco interessa ao esculpidor das palavras. O elogio e a crítica, em meio à literatura se completam.   
            Envolto a criatividade, os padrões comuns em meio ao cultivo bibliográfico registram nas suas formas e efeitos: a crítica, a ironia, a informação... manda um recado, manifesta o real transvertido de ficção, insulta e chama a atenção do leitor, qualifica o subjetivo, singulariza a solidão, abranda a angustia, atenua a escuridão, materializa os sentimentos... Enfim, as palavras lançadas do pedestal em soberana ocasião, em muitos casos, se tornam armas fatais. Tem um poder eminente portentoso.             
            Intrinsecamente, como bem afirma Augusto dos Anjos no poema “Contrastes”. "Tudo convém para o homem ser completo". A forma, o motivo, o objetivo... a razão e a emoção de ir ao encontro dos próprios instintos, restritamente, é um comportamento íntimo, âmago e particular. Abalizando o transpassar do campo da escrita, com a permissão do ser superior, vejo nitidamente no regimento dos textos, a eloquência do eu e outras palavras. Assim creio. Creiam todos. A resposta para todas as indagações, questionamentos, avanços e progresso esta dentro de você mesmo.  

                                                                                                                                                                                                                                    Josselmo Batista Neres
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Crônica publicada no JORNAL DIÁRIO DO POVO DO PIAUÍ em 07/02/2017 na página 02 - Opinião (Jornal Impresso).    


Pode também ser conferido na íntegra na Edição Eletrônica no endereço abaixo:www.diariodopovo-pi.com.br/Jornal/Default.aspx
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------